Alergia na idade adulta: por que de repente o que sempre fez bem começa a fazer mal?
No Brasil, dados da iniciativa Alergia Alimentar Brasil revelam que cerca de 6% das crianças e 3,5% dos adultos brasileiros possuem alergias alimentares. Por outro lado, nos Estados Unidos, uma pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association mostra que mais de 32 milhões de pessoas têm pelo menos uma alergia alimentar, sendo a maior parte desenvolvida na idade adulta.
As descobertas sugerem pistas sobre como a genética e o ambiente podem contribuir para o aumento do número de alergias. Confira a seguir o que é de fato uma alergia e por que elas podem aparecer na fase adulta.
Por que podemos desenvolver alergia na idade adulta?
Antes de saber por que desenvolvemos alergias na fase adulta, saiba qual a diferença entre alergia e intolerância alimentar. A alergia alimentar e a intolerância alimentar podem ser confundidas, mas apresentam distinções fundamentais.
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Alergia e intolerância são a mesma coisa?
A alergia envolve o sistema imunológico, que reage de forma exagerada a proteínas presentes em determinados alimentos. Essa resposta pode provocar sintomas como urticária, inchaço, dificuldade para respirar e, em casos extremos, anafilaxia – uma condição que exige intervenção médica imediata.
É uma questão imunológica que pode trazer consequências graves, mesmo com a ingestão de pequenas quantidades do alimento desencadeante.
Já a intolerância alimentar está relacionada à incapacidade do organismo de digerir ou processar certos componentes dos alimentos, como a lactose ou o glúten. Nesse caso, o sistema imunológico não está envolvido; o problema reside no sistema digestivo.
Os sintomas incluem cólicas, inchaço abdominal, gases e diarreia, que, embora desconfortáveis, não representam risco imediato à vida. É uma condição que, geralmente, pode ser gerenciada por meio de ajustes na dieta e no consumo dos alimentos em questão.

Alergia na fase adulta: questões genéticas e ambientais
Na pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association, em 2018, Ruchi Gupta, professor de pediatria especializado em alergia na Escola de Medicina Feinberg da Northwestern University e os demais pesquisadores descobriram fatores que indicam o aumento de alergias na população, sendo a maior parte em adultos.
O estudo, que foi realizado com mais de 40 mil adultos nos Estados Unidos, revelou que 45% dos que tinham alergias alimentares adquiriram pelo menos uma nova na idade adulta, sendo que um quarto deles nunca havia apresentado alergia alimentar na infância.
De uma forma geral, os pesquisadores descobriram que houve um aumento nos casos de alergias alimentares por conta de fatores genéticos e ambientais, independente da idade, mas com uma quantidade significativa de casos em adultos.
No entanto, o que ainda não foi descoberto é o que exatamente pode levar os adultos a desenvolverem uma alergia a um alimento que eles já tinham o hábito de comer anteriormente. Então, o que podemos considerar são os fatores que também levam a desenvolver uma alergia na infância, como genética e ambiente, por exemplo.

A genética exerce uma influência significativa no desenvolvimento de alergias, já que a predisposição para alergias é herdada. Certos genes podem afetar diretamente a forma como o sistema imunológico reage a alérgenos. Assim, indivíduos com histórico familiar de alergias têm maior chance de apresentar essas condições, evidenciando uma clara predisposição genética.
Por outro lado, o ambiente também desempenha um papel crucial no desenvolvimento e agravamento de alergias. A exposição a alérgenos no ar, como pólen, ácaros e mofo, pode ativar respostas exageradas do sistema imunológico.
Fatores como mudanças climáticas, que aumentam temperaturas e índices de umidade, podem elevar a concentração desses alérgenos. Paralelamente, a poluição do ar não só irrita as vias respiratórias, como também intensifica a sensibilidade aos alérgenos, criando um cenário propício para o aumento das reações.
Esse segundo fator pode confundir as pessoas. Para entender melhor, imagine um indivíduo que morou em um lugar mais próximo à natureza durante toda a infância, mas na fase adulta mudou-se para a metrópole e começou a ter alergia. Talvez se esse mesmo indivíduo vivesse nesse ambiente desde criança, a alergia já teria começado na infância.
A alergista e imunologista, Shradha Agarwal, da Escola de Medicina Icahn em Mount Sinai (Nova York) ao The New York Times, considera este um indicativo que pode ajudar no alívio para quem tem alergia ao pólen, por exemplo.
A especialista afirmou que uma maneira comum de identificar alergias ambientais ocorre quando pessoas se mudam para uma nova área e entram em contato com tipos de pólen aos quais nunca haviam sido expostas.
Ela esclareceu que isso não constitui tecnicamente uma “nova” alergia, mas essa distinção pode implicar em desafios para a pesquisa no campo das alergias ambientais. Além disso, destacou que evitar essas regiões específicas pode ser uma medida eficaz para proporcionar alívio dos sintomas.
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