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Retinas de falecidos poderiam guardar imagens de seus últimos momentos?

A ciência forense usa de diferentes estratégias para resolver crimes, como o luminol que aponta a presença de marcas de sangue. Neste campo, diferentes estratégias para resolver mistérios já foram consideradas e eventualmente abandonadas, como a optografia forense. Através desta suposta técnica de análise da retina de pessoas que faleceram, seria possível ver a última imagem que elas viram, como se fosse um retrato. No entanto, isso ainda não tem embasamento científico.

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No entanto, era tentadora a ideia de que a retina de uma pessoa pudesse gravar a última coisa que alguém viu antes da morte. Este estático (quase como uma fotografia) seria impresso no tecido por pigmentos fotossensíveis presentes na retina. 

Conforme a crença sobre a optografia foi se espalhando, existem até alguns relatos ingleses de criminosos que removiam os globos oculares de suas vítimas para impedir qualquer tipo de reconhecimento póstumo. 


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Hoje, essas ideias só resistem em algumas obras de ficção científica, já que não há nenhuma evidência embasando a teoria, como explica artigo da Academia Americana de Oftalmologia (AAO).

Origem da optografia forense

É difícil remontar a origem exata da ideia de que a retina de falecidos poderiam guardar imagens de seus últimos momentos, mas este conceito tende a ser atribuído ao padre jesuíta alemão Christoph Scheiner, que viveu no século XVII (1601-1700). A partir de seus estudos sobre a fisiologia do olho, foi sugerido que era possível ver uma imagem tênue na retina de um sapo dissecado.

Conhecida como optografia forense, técnica de análise da retina de pessoas que faleceram buscava identificar a última imagem vista para resolução de crimes (Imagem: Faruk Tokluoğlu/Pexels)

Muito tempo depois, nos anos 1870, o fisiologista alemão Wilhelm Friedrich Kühne deu início a uma série de pesquisas sobre a visão. Em especial, Kühne buscava compreender as mudanças químicas na retina quando ocorria exposição à luz. Com o método correto e com a imersão dessa retina em uma solução de alúmen, ele acreditava ser possível descobrir a última coisa que um coelho viu, por exemplo. No entanto, os testes nunca foram bem-sucedidos em humanos.

Muito provavelmente, essas teorias embasaram o que ficou conhecido como optografia forense, mas os conceitos foram modificados. Antes, a última imagem gravada na retina era “revelada” a partir da imersão em uma solução. Entretanto, o método que se popularizou consistia em fotografar os olhos de uma vítima e buscar identificar o rosto do assassino a partir dos padrões observados.

Apesar da falta de evidências, existiram algumas tentativas de uso dessas fotografias na resolução de crimes. Uma das vítimas do serial killer conhecido como Jack, o Estripador, teve seu optograma feito, em 1888. No entanto, esta “prova” não ajudou a resolver o mistério. Em 1914, uma dessas fotos da retina foi usada em um julgamento nos EUA, o que só reforça a popularidade da “teoria”.

Paralelo da retina com as câmeras

Segundo a AAO, “esse conceito [originalmente] não parecia tão absurdo quanto parece hoje”. Afinal, a fotografia era uma nova tecnologia e gerava grande entusiasmo no público, o que alimentava inúmeras “teorias”. 

“Em uma época em que novas descobertas eram feitas todos os dias, não era uma ideia absurda sugerir que os olhos também poderiam capturar imagens permanentemente como uma câmera“, completa.

Saiba mais:

As histórias envolvendo a optografia forense só ressaltam o quanto a visão, os olhos e a retina despertam fascínio. Isso vai da ciência até a estética. Buscando modificar as suas características naturais, algumas pessoas colocam em risco a saúde para mudar a cor de seus olhos:

 

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