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Europa quer seu próprio Vale do Silício para competir com os EUA

No decorrer da história, a humanidade já experimentou diversas formas de se obter poder. A bélica é uma das mais antigas – quem tinha as armas mais fortes vencia a guerra e ficava com o território. Depois veio o dinheiro, que pode comprar armas, estrutura e influência.

Não que o dinheiro tenha perdido sua importância, mas, hoje, aqueles que detêm tecnologia possuem grandes chances de ocupar uma posição de liderança global. A Europa, que já esteve nesse lugar há alguns séculos, sabe disso. E sabe também que ela foi ultrapassada por países da Ásia e os Estados Unidos.

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Para correr atrás do prejuízo, um grupo de empresários divulgou uma carta aberta pedindo um “renascimento tecnológico” do continente. A ideia é criar uma entidade para promover startups e inovação no bloco.

A lista de empreendedores que apoiam a iniciativa inclui nomes como Patrick Collison, CEO da gigante de tecnologia de pagamentos Stripe; Taavet Hinrikus, cofundador do aplicativo de transferências Wise; Eléonore Crespo, CEO do unicórnio francês de software de contabilidade Pigment; Ilkka Paananen, CEO da empresa de games mobile Supercell; entre vários outros.

União Europeia Inc.

De acordo com essa carta, “a cena de startups é fragmentada” na Europa.

“A conformidade legal e regulatória é um fardo, e a colaboração transfronteiriça é rara”, continua o texto.

Isso, segundo os empresários, resulta em um “impulso sufocado, potencial não realizado e em um limite artificial nas chances de sucesso de nossas empresas de tecnologia”.

A Europa até possui algumas startups, mas não tem nenhuma big tech – Imagem: Rawpixel.com/Shutterstock

A solução seria a criação de uma entidade única para incentivar essas companhias. A EU Inc. iria “padronizar os processos de investimento, simplificar as operações internacionais e criar uma estrutura unificada de opções de ações para funcionários”. Isso ajudaria as startups europeias a crescer rapidamente e atrair mais capital.

O lançamento dessa carta ocorre em um momento em que diversas autoridades estão pedindo grandes reformas – para que a Europa possa competir com a China e os EUA, principalmente. No mês passado, por exemplo, o ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, divulgou um relatório solicitando 800 bilhões de euros de investimentos adicionais por ano para tornar o bloco mais competitivo no cenário mundial.

Citando a inovação tecnológica como uma área-chave onde melhorias eram necessárias, Draghi disse que a região ainda está “presa em uma estrutura industrial estática, e com poucas empresas novas surgindo para perturbar as indústrias existentes ou desenvolver novos motores de crescimento”.

A Europa ficou para trás?

A Europa foi palco das grandes navegações nos séculos XV e XVI.

Foi também o berço da Revolução Industrial, na Inglaterra do século XVIII.

Para o ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, a Europa ainda está “presa em uma estrutura industrial estática” – Imagem: Everett Collection/Shutterstock

Hoje, porém, o continente parece ter ficado para trás quando o assunto são os gigantes globais de tecnologia.

Os Estados Unidos têm a Amazon, o Google, a Meta, a Apple, a Microsoft, entre várias outras big techs.

A China, por sua vez, possui Alibaba, Tencent, ByteDance e Baidu.

Qual dessas companhias foi criada na Europa? Nenhuma.

Um levantamento da empresa Atomico mostra que as startups europeias até levantaram US$ 45 bilhões em financiamento de capital de risco no ano passado.

O número não é ruim, mas fica muito abaixo dos EUA, que arrecadaram US$ 120 bilhões no mesmo período.

O dado mais preocupante, porém, é outro: de acordo com a Atomico, as empresas de tecnologia europeias têm 40% menos probabilidade de garantir financiamento dos que as americanas.

As informações são da CNBC.

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