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Andrômeda tem um monte de galáxias satélites — e elas estão  apontando para nós

Pesquisadores do Instituto de Física e Astronomia da Universidade de Potsdam estão estudando uma característica inesperada da Galáxia de Andrômeda (de nome oficial Messier 31, ou M31) — entre suas galáxias satélites, 37 das mais brilhantes estão encarando a Via Láctea. A distribuição desses arranjos celestes deveria ser quase impossível, com chances de apenas 0,3%.

Essas probabilidades estão ligadas ao modelo padrão da cosmologia. Segundo ele, o universo está cheio de nuvens de matéria escura, em meio às quais galáxias grandes crescem. O crescimento em si vem da fusão com diversas galáxias anãs menores — algumas delas ficam ao redor das galáxias atuais, sobras do processo.

Galáxias em torno de Andrômeda, segundo observações do Hubble — sua disposição é altamente improvável, segundo cálculos (Imagem: NASA/ESA/DSS2/A.Savino/J.DePasquale/A.Fujii)
Galáxias em torno de Andrômeda, segundo observações do Hubble — sua disposição é altamente improvável, segundo cálculos (Imagem: NASA/ESA/DSS2/A.Savino/J.DePasquale/A.Fujii)

Isso quer dizer que as galáxias anãs satélites deveriam estar dispostas aleatoriamente ao redor das maiores, mas a disposição delas em torno da M31 não obedece essa expectativa. Detalhes sobre o achado foram publicados na revista Nature Astronomy no último dia 11 de abril.


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Andrômeda e as galáxias anãs

Com observações do Telescópio Hubble, cientistas confirmaram que grande parte das galáxias anãs da M31 estão em um plano em torno dela. Isso, por si só, já é incomum, mas o fato de que estão encarando a Via Láctea é a novidade da vez. Esses corpos celestes anões estão orbitando Andrômeda em velocidades e distâncias diferentes, então, em alguns bilhões de anos, deverão estar mais espalhados.

O alinhamento atual seria, então, uma coincidência. Com uma probabilidade tão baixa, no entanto, os pesquisadores suspeitam de algum grande evento recente, indicando que a disposição não é tão aleatória assim. Andrômeda passou por uma grande fusão de galáxias há cerca de 3 bilhões de anos, mas isso ainda não explica o alinhamento das anãs conosco.

Reprodução mais detalhada da Galáxia de Andrômeda que o Hubble conseguiu gerar até hoje (Imagem: NASA/ESA/Williams,Z.Chen/L.C.Johnson/J.DePasquale)
Reprodução mais detalhada da Galáxia de Andrômeda que o Hubble conseguiu gerar até hoje (Imagem: NASA/ESA/Williams,Z.Chen/L.C.Johnson/J.DePasquale)

Essa assimetria pode ser resultado de alguns problemas nos dados. Só conhecemos o movimento de quatro das galáxias anãs da M31 com precisão, complicando simulações. Há, ainda, possíveis galáxias satélites de brilho mais fraco ao redor, difíceis de se detectar, e cuja disposição poderia contrariar a descoberta. A anã de brilho mais fraco em torno da M31, por sinal, Andromeda XXXV, não está nesse padrão.

Por fim, os cientistas apontam que o alinhamento das galáxias pode não ser tão incomum como se pensa. Mapeamos poucas galáxias satélites além do nosso Grupo Local em detalhes, e nem temos dados precisos sobre as que estão muito distantes. Pode ser que sistemas parecidos abundem lá fora, ou que sejam realmente incrivelmente raros. Para confirmar isso, só com mais pesquisas.

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