Sol em fúria: cientistas estão preocupados com o próximo ciclo solar
Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR), Colorado, EUA, estão convencidos de que o clima espacial — especialmente ao redor da Terra — se intensificará nas próximas décadas, com erupções e tempestades solares mais frequentes.
A equipe revisou dados de satélite que medem a densidade de partículas energéticas próximas do planeta. São prótons expelidos pelo vento solar que ficam “presos” em cinturões de radiação graças ao campo magnético da Terra.
Nos últimos 45 anos, a densidade das partículas apresentou uma tendência crescente até atingir seu pico em 2021. De acordo com a pesquisa, publicada na revista Space Weather, a densidade começou a cair logo após o atual ciclo solar ganhar força.

O que isso quer dizer?
Os dados corroboram a hipótese de um fenômeno conhecido como Ciclo de Gleissberg, em que a atividade solar oscila em um padrão de aproximadamente 100 anos. O motivo por trás da intensidade de cada ciclo, no entanto, ainda é desconhecido.
“Normalmente, ao longo de quatro ciclos solares, a intensidade da atividade solar aumenta”, disse Kalvyn Adam, ex-pesquisador do NCAR e principal autor do novo estudo, ao site Space.com. “Depois, ela atinge seu pico e, em seguida, diminui ao longo de mais quatro ciclos solares.”
As medições mais recentes apontam que o atual ciclo, o 25º desde o início dos registros, pode ter atingido seu ponto mais baixo. “Isso significaria que o próximo conjunto de ciclos solares será mais ativo”, disse Adams.
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Como isso nos afeta?
Com a atividade solar mais intensa, o campo magnético do Sol deverá produzir mais manchas solares, ejetando plasma quente da atmosfera. É essa a origem dos prótons que ficam aprisionados na Terra. Mas um efeito contrário — e até positivo — pode surgir daí.

“Se houver mais atividade solar, mais calor e mais energia entrarão em nossa atmosfera”, explicou Adams à reportagem. “Se nossa atmosfera receber mais calor e energia, ela se expandirá. À medida que a atmosfera se expande, os prótons colidirão com essa atmosfera expandida e, eventualmente, sairão.”
Em um primeiro momento, a densidade será benéfica para satélites que orbitam o planeta, já que a radiação estará mais fraca e não afetará com tanta rapidez os dispositivos eletrônicos.
Mas há um porém nessa história. A frequência de tempestades solares deverá ser maior, e o aquecimento da atmosfera poderá “engrossar” gases ao redor da Terra, aumentando o arrasto de satélites em órbita baixa.
Em maio do ano passado, uma poderosa tempestade solar derrubou a altitude de dezenas de satélites de uma só vez, como lembra o estudo. O risco de colisões orbitais foi excepcionalmente alto, já que os operadores tiveram de responder às pressas.
Quais os efeitos que uma tempestade solar causa na Terra?
Os efeitos que pode causar na Terra são variados. Alguns dos mais comuns incluem:
- Auroras: As tempestades solares aumentam a atividade auroral, resultando em auroras mais intensas e visíveis em latitudes mais baixas do que o normal. As auroras boreais ocorrem no hemisfério norte, enquanto as auroras austrais ocorrem no hemisfério sul.
- Interferência em Comunicações: As partículas carregadas emitidas pelo Sol podem causar interferência em comunicações por rádio de alta frequência e sistemas de navegação por satélite, afetando redes de comunicação e sistemas de posicionamento global.
- Danos a Satélites: A radiação solar intensa pode danificar eletrônicos e componentes de satélites em órbita terrestre, causando falhas temporárias ou permanentes em sistemas de comunicação, navegação e meteorologia por satélite.
- Falhas em Redes Elétricas: Tempestades solares severas podem induzir correntes elétricas nos sistemas de transmissão de energia elétrica da Terra, potencialmente causando falhas e danos em transformadores e equipamentos de distribuição de energia.
- Riscos para Astronautas e Aeronaves: Durante tempestades solares intensas, a radiação solar aumentada pode representar um risco maior para astronautas em órbita terrestre e para tripulações de aeronaves em altitudes elevadas, aumentando o risco de exposição à radiação.
- Distúrbios em GPS: A interferência causada por tempestades solares pode afetar a precisão e a confiabilidade dos sistemas de navegação por satélite, como o GPS (Sistema de Posicionamento Global), levando a erros de posicionamento e temporariamente interrompendo o serviço em algumas áreas.
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