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Análise | OVERDOSE: o asilo maldito onde você vira enfermeiro, entregador e isca humana ao mesmo tempo

Se você chegou aqui achando que Overdose é aquele projeto do Kojima com a Margaret Qualley, pode parar e ajustar o GPS do cérebro, porque aqui a parada é bem mais crua. E quando eu digo “crua”, é no estilo horrorzão indie feito com suor, sangue e duas latinhas de Monster por dia.

Lançado de forma discreta no Steam, o jogo me pegou de surpresa no pior (ou melhor?) sentido. A página já avisa que você vai encarar uma experiência de horror em primeira pessoa ambientada num asilo abandonado onde experimentos deram errado, monstros vagam pelos corredores e um fantasma vingativo grita mais que gamer banido de ranked. Mas né, eu sou o RumbleTech, então fui lá, botei o headset, desliguei a luz e pensei: “bora ver se esse asilo me assusta mais do que rodar jogo em console.”

Spoiler: me assustou.

Primeiras impressões: entrei pra cuidar de doido, virei cobaia de sadista

O jogo começa sem muito papo, sem tutorial, sem cutscene bonitinha com dublagem AAA. Nada. Você acorda ali no meio da escuridão, com uma lanterna que mais parece um fósforo molhado, e logo percebe que tem que entregar medicamentos bizarros pros pacientes que estão… digamos… ligeiramente instáveis.

Tipo aquele colega que diz que prefere jogar no PS4 porque “não liga pra gráfico”. Sabe?

Mas calma, não é só entrega de remedinho. Tem monstro vagando. E não é um monstro de screamer barato, não. É um assassino que te caça pelo mapa inteiro enquanto você tenta manter a sanidade, lidar com os barulhos do inferno, e evitar virar picadinho emocional a cada porta que você abre.

A ambientação: mais opressiva que o áudio de grupo de trabalho segunda-feira de manhã

Vamos ser sinceros: a atmosfera de Overdose é o ponto alto. Tudo é escuro, abafado, sujo e inquietante. Parece que o chão gruda. As paredes respiram. Os gritos distantes não param. A luz pisca mais do que Wi-Fi de operadora em dia de chuva.

É tipo um Resident Evil clássico só que sem zumbi famoso e com muito mais cheiro de mofo imaginário.

A sensação de estar sempre sendo observado é real. Eu juro que em certo ponto do jogo comecei a andar de costas, igual gato assustado, só pra garantir que nada vinha atrás de mim. E mesmo assim, veio.

O design de som também merece aplausos nervosos: aquele som de corrente arrastando, o sussurro que aparece do nada, o gemido gutural no fundo do corredor? Tudo bem colocado, bem mixado e milimetricamente calibrado pra fazer você pensar “tô de boa” e PLAU, trauma desbloqueado.

A jogabilidade: inventaram o gênero “simulador de pânico funcional”

Não espere mira laser, HUD bonitinho ou mecânicas ultra elaboradas. Aqui é na raça. Você anda, interage, se esconde, e torce pra não errar o caminho e acabar num beco sem saída com um maníaco te encarando igual o capeta olhando buffet livre.

As tarefas são simples no papel: entregar medicamentos, controlar os pacientes (sem morrer no processo), explorar e sobreviver. Mas na prática, isso se transforma num ciclo de agonia onde cada passo pode ser o último. E você não sabe se o barulho que ouviu foi um script ou algo te seguindo de verdade. Sério. O jogo é tão mindfuck que eu comecei a desconfiar até da minha sombra.

Ah, e claro: tem aquele killer à la Mr. X do Paraguai, que aparece quando você menos espera e transforma seu speedrun em jogo da cobrinha no pânico. Só que em vez de comer frutinha, você foge do bicho e reza pra ele se distrair com alguma porta quebrada.

O enredo: se Silent Hill e Outlast tivessem um filho criado por Edgar Allan Poe e um DJ de terror russo

A história de Overdose é contada aos pedaços, no estilo “leia, ou fique perdido”. E não tô falando de lore por cutscene, não. É bilhetinho rasgado, gravação suja, carta de paciente e por aí vai.

Você descobre que o asilo foi palco de experimentos sinistros, conduzidos por um médico com a moral de um CEO de microtransações. Os pacientes viraram cobaias, e um deles escapou. Só que ela não foi pra terapia — ela virou um espírito vingativo que berra nos seus ouvidos até você reconsiderar cada decisão da sua vida.

E não para por aí. O assassino à solta? É tipo um mutante de jaleco que decidiu que sua existência incomoda. E o asilo? Tem vida própria. Portas que se fecham sozinhas. Luzes que decidem parar de funcionar do nada. Sons que vêm de onde não devia ter nada.

É o tipo de enredo que não te dá respostas, mas te faz criar perguntas que você nem sabia que queria fazer. Tipo: “por que eu tô jogando isso meia-noite com fone no máximo e luz apagada mesmo?”

Comparando com outros jogos: nem tão bonito quanto Visage, mas mais eficaz que Outlast 2

Overdose não tem o polimento visual de um Visage, nem o marketing de um Outlast, mas entrega algo mais bruto, mais tenso, e paradoxalmente mais imersivo na sua simplicidade.

É o tipo de jogo que entende o que é terror raiz: não precisa de gráfico de ponta, só precisa te colocar num lugar onde você nunca mais quer voltar. Mesmo que já esteja na metade do jogo e pense: “ah, já que tô aqui…”

Experiência técnica: funciona, mas com aquele jeitão de “jogo indie feito no grito”

O jogo não é nenhum benchmark de performance. Mas roda bem. Os loads são rápidos, não tive crashes e a taxa de quadros foi decente o tempo inteiro.

Claro, o visual entrega que é um projeto pequeno — texturas recicladas, cenários que se repetem, animações que dariam orgulho pra qualquer jogo de 2010. Mas aqui, isso trabalha a favor da tensão, não contra.

E ó: se você tiver um PC decente, dá pra rodar tudo no talo com fone bom e se sentir dentro de um pesadelo interativo. Já num console… bem, não é meu lugar de fala, né?

Prós e Contras

Prós:

  • Atmosfera densa e opressiva do jeito que o diabo gosta
  • Sonoplastia simplesmente assustadora
  • Mecânicas simples que funcionam
  • História intrigante com mistério até o fim
  • Ótimo para quem curte terror psicológico pesado

Contras:

  • Visual simples (embora funcional)
  • Falta de inovação em mecânicas
  • Enredo fragmentado pode afastar quem não curte “achar lore”
  • Algumas repetições de cenário pesam com o tempo
  • IA do assassino às vezes parece meio perdida na rave

Nota Final: 7/10

Overdose é aquele terror cru, sem glamour, que parece ter sido feito por gente que cresceu jogando Silent Hill escondido dos pais e hoje desconta isso criando pesadelos interativos. Não é revolucionário, mas é eficaz. Não tem orçamento de triple A, mas tem alma, tensão e um gosto amargo de “vou sonhar com isso hoje à noite”. E o melhor de tudo? Joguei no PC, com tudo no ultra, headset vibrando e coração saindo pela boca. Porque sim: PC é onde o terror é vivido com dignidade. Console? Console assiste no YouTube depois.

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