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Ironwood: chip para IA da Google supera o melhor supercomputador em 24 vezes

Durante o evento Google Cloud Next 25, realizado esta semana, a gigante da tecnologia revelou oficialmente o Ironwood, sua sétima geração de TPUs (Tensor Processing Units).

O novo acelerador traz de cara um salto sem precedentes em desempenho e eficiência energética e foi desenvolvido especificamente para lidar com tarefas de inferência — a nova fronteira da inteligência artificial, segundo a própria empresa.

Projetado para a nova era da IA inferencial

Ao contrário de seus antecessores, que equilibravam processamento entre treinamento e inferência, o Ironwood foi criado do zero para modelos que “pensam” — como LLMs (Modelos de Linguagem de Grande Escala), MoEs (Mistura de Especialistas) e tarefas de raciocínio avançado.

Isso porque a nova categoria de IA não só responde a comandos, mas antecipa, interpreta e gera insights proativamente, dando início à chamada “era da inferência”.

Estamos diante de uma mudança de paradigma. A IA agora precisa não apenas responder, mas entender, antecipar e colaborar com o ser humano

Amin Vahdat, VP de Sistemas de IA e Nuvem da Google

Divulgação/Google

24 vezes mais poderoso que o supercomputador número 1

A configuração mais potente do Ironwood conta com 9.216 chips interconectados, entregando impressionantes 42,5 Exaflops de poder computacional — um número que supera em 24 vezes o desempenho do supercomputador mais potente do mundo, o El Capitan, que opera a 1,7 Exaflops.

Cada chip individual possui capacidade máxima de 4.614 TFLOPs, o que demonstra o avanço exponencial em relação às gerações anteriores de TPUs.

Divulgação/Google

Arquitetura otimizada para performance extrema

Entre os principais avanços arquitetônicos do Ironwood, destacam-se:

  • Memória HBM expandida: cada chip conta com 192 GB de memória de alta largura de banda, seis vezes mais do que a geração anterior, Trillium. Isso permite o processamento de modelos e conjuntos de dados muito maiores.
  • Largura de banda de memória recorde: são 7,2 TB/s por chip, proporcionando acesso ultrarrápido a dados, essencial para tarefas intensivas em memória.
  • Interconexão entre chips de alta velocidade (ICI): com 1,2 Tbps bidirecional, o Ironwood permite comunicação síncrona eficiente entre milhares de chips, ideal para cargas de trabalho distribuídas.

Vale ressaltar que o sistema conta com refrigeração líquida avançada para assegurar uma operação estável mesmo sob uso contínuo e intenso, dobrando a eficiência térmica em comparação com sistemas refrigerados a ar.

Eficiência energética dobrada

Outro destaque é a eficiência energética: o Ironwood oferece 2x mais desempenho por Watt em relação ao Trillium.

Isso representa um avanço importante num cenário onde a limitação de energia disponível é um dos maiores obstáculos para a evolução da IA em larga escala.

Quando comparado ao primeiro Cloud TPU da empresa, lançado em 2018, o Ironwood é quase 30 vezes mais eficiente energeticamente. Contudo, a Google não afirmou ainda qual é a empresa por trás da fabricação dos semicondutores.

Divulgação/Google

Comparativo: Ironwood x Supercomputadores (abril de 2025)

Sistema Desempenho (Exaflops) Chips/Unidades Foco principal Eficiência energética
Ironwood (Google) 42,5 9.216 TPUs Inferência em IA 2x mais que Trillium
El Capitan (Lawrence Livermore) 1,7 CPUs + GPUs AMD Simulações científicas Alta, mas inferior ao Ironwood
Frontier (Oak Ridge) ~1,1 CPUs + GPUs AMD Clima, física, biociência Alta
Fugaku (Japão) 0,537 Fujitsu A64FX CPUs Pesquisa médica e industrial Moderada
LUMI (Europa) 0,375 AMD + GPU IA e ciência climática Boa

Obs.: 1 Exaflop = 1 quintilhão de operações por segundo. Ironwood opera com números de ponto flutuante otimizados para IA (FP8), o que proporciona mais performance em cargas de trabalho específicas como inferência.

Pensando além da IA tradicional

Com o acelerador dedicado SparseCore, o Ironwood também consegue lidar com grandes embeddings usados em sistemas de recomendação e classificação — funcionalidades essenciais em setores como finanças e pesquisa científica, indo além dos tradicionais domínios da IA.

Graças ao Pathways, sistema de execução distribuída desenvolvido pelo Google DeepMind, desenvolvedores podem conectar dezenas ou até centenas de milhares de TPUs Ironwood, viabilizando a execução de tarefas que antes eram consideradas impossíveis.

O que muda na prática? Por que isso importa para você?

Apesar de parecer algo técnico demais, os avanços trazidos pelo Ironwood vão impactar diretamente a vida de milhões de pessoas. E de formas bem visíveis:

  • Modelos de IA muito mais inteligentes e rápidos: chatbots, assistentes virtuais e sistemas de recomendação ficarão mais precisos, naturais e proativos.
  • Traduções automáticas e legendas em tempo real com quase perfeição, inclusive em contextos complexos.
  • Diagnósticos médicos por IA mais rápidos e confiáveis, com base em análise de imagens e históricos gigantescos de dados clínicos.
  • Ciência e pesquisa aceleradas: simulações moleculares, climáticas e de engenharia serão realizadas em horas — o que antes levava dias ou semanas.
  • Automação de tarefas complexas, como programação assistida, planejamento logístico ou jurídico, serão levadas a outro nível.
  • IA generativa mais rápida e criativa, possibilitando vídeos, vozes, imagens e textos com qualidade profissional em questão de segundos.

Em resumo: a IA passará de “boa ajudante” para “copiloto real” no dia a dia das pessoas e empresas, graças à capacidade computacional sem precedentes que o Ironwood entrega.

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Implicações da nova tecnologia

A chegada do Ironwood eleva o sarrafo em relação ao padrão do que é possível em IA de alto desempenho. Google Cloud se posiciona como um dos principais players de infraestrutura para inteligência artificial, rompendo com a hegemonia da NVIDIA e entrando de vez na disputa com outras gigantes como Microsoft (com o Maia 100) e Amazon (com os chips Graviton).

Com a adoção crescente de modelos como Gemini 2.5 e AlphaFold — este último vencedor do Prêmio Nobel — sobre TPUs, espera-se que o Ironwood seja o motor de uma nova geração de descobertas científicas, produtos inovadores e avanços em linguagem natural.

Fonte: Google

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