Powerbank explodiu no avião? Como lidar e o que não fazer nesses casos
Um powerbank — também conhecido popularmente como carregador portátil — explodiu no bagageiro de um avião durante um vôo para Hong Kong. O acessório estava na mala de uma passageiro quando entrou em combustão e assustou os presentes. Para tentar controlar o princípio de incêndio e evitar danos à aeronave, os próprios passageiros começaram a jogar água na mala e no dispositivo.
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No entanto, apesar de a reação ser instintiva e, provavelmente, uma das primeiras medidas que passa pela cabeça, essa não é a melhor forma de lidar com a situação e, na verdade, é contraindicada por especialistas.
Jogar água em incêndios de baterias pode causar ainda mais problemas
Para entender as consequências e a melhor forma de lidar com esses casos, o Canaltech entrou em contato com Daniel Louzada, Professor do Programa de pós-graduação em Metrologia do CTC/PUC-Rio. Segundo o profissional, jogar água em uma bateria em incêndio pode agravar o risco de explosões:
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“[Jogar] água não é indicado porque a ela pode reagir com os íons de lítio, liberando gases inflamáveis, como hidrogênio, e gases tóxicos também. Então, considerando tudo isso dentro de um ambiente confinado, pressurizado, há um potencial de explosão”, explica Louzada.
Segundo o especialista, há outras formas de controlar o fogo sem potencializá-lo ou correr o risco de causar explosões. O primeiro ponto é isolar a bateria de outros objetos, para evitar a propagação do incêndio, e usar fontes alternativas, como extintor de CO².
Além disso, para casos de incêndios em locais abertos ou que tenha acesso a outros materiais, Louzada destaca a eficiência de produtos que não reagem com o fogo, como areia ou terra: “você coloca em cima, e ele vai controlar, de certa forma, o calor, e vai impedir que a chama se propague, e, com o tempo, [a bateria] vai parar de pegar fogo”.
Ainda dentro do avião, uma forma de controlar o fogo é abafá-lo com algum material — como blusas — que não sejam inflamáveis. No entanto, é preciso ter atenção com peças que possam reagir com o fogo, como as feitas de lã ou tecidos comuns.
ASSISTA: powerbank pega fogo em bagageiro e passageiros controlam o incêndio com água:
Como evitar que uma powerbank exploda
Primeiro é importante destacar que baterias portáteis, por mais que lidem com energia, não explodem com facilidade. No entanto, em casos extremos — e dependendo do estado de conservação e da qualidade de fabricação — acidentes podem acontecer. Mas eles podem ser evitados com alguns cuidados.
Além de escolher marcas confiáveis — que seguem processos rigorosos de fabricação — Louzada destaca alguns pontos de atenção para prolongar a vida útil do powerbank e mantê-lo sempre seguro.
O primeiro ponto é nunca fazer o transporte dos acessórios 100% carregados, especialmente em aviões: “ao fazer transporte de baterias totalmente carregadas, você está aumentando o nível de densidade energética que elas possuem. Então, não é preciso levá-las descarregadas, mas também não é preciso estarem com 100%.”

Outro ponto é não deixar a bateria descarregar completamente. Essa é uma dica, inclusive, passada até para celulares.
Em powerbanks, Louzada explica que essa descarga completa excessiva pode desestabilizar quimicamente o componente e, ao longo do tempo, degradar sua vida útil e causar alguma ignição em algum momento.
Da mesma forma, deixar a bateria carregando muito tempo mesmo após ela atingir 100% da capacidade também pode ser um problema.
Mesmo que esses acessórios tenham sistemas internos para cortar a transmissão de energia quando atinge 100%, Daniel destaca que, eventualmente, esse mecanismo pode sofrer uma falha:
“Deixar a bateria carregando eternamente, teoricamente, não é um problema. Ela tem um circuito interno que entende quando está completamente carregada e para de fornecer energia. Mas esse sistema pode falhar por algum motivo. E se você continuar injetando energia, [a bateria] vai aquecer até o ponto de explodir”.
Transporte de powerbanks em aviões
Este é um tema delicado e cada companhia aérea pode ter regras diferentes para permitir (ou não) o transporte de baterias portáteis nas suas aeronaves. A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) estabelece algumas regras básicas:
- Baterias de até 100 Wh: podem ser transportadas no bagageiro;
- Baterias entre 100 e 160 Wh: podem ser transportadas no bagageiro, “desde que estejam individualmente protegidas de modo a evitar curtos-circuitos”. O site da ANAC destaca que elas devem ser colocadas nas embalagens originais de venda ou devem ter seus terminais isolados;
- Baterias com mais de 160 Wh: não podem ser transportadas em aviões;
- Baterias de qualquer capacidade nunca devem ser enviadas na mala despachada.
Além das recomendações do órgão regulador brasileiro, Louzada também destacou alguns pontos de atenção para casos em que a legislação e a companhia aérea permitem o transporte do powerbank na bagagem de mão:
“Outra medida é evitar transportar o powerbank com outros objetos metálicos e confundentes. Às vezes, até chaves podem, no balançar da bolsa, se chocar com o powerbank, se chocar com a entrada USB, e isso, de alguma forma, e danificar o circuito interno”.
Como saber se o powerbank ou bateria oferece riscos de acidentes
Por fim, o professor da PUC-RJ também explica que, além do aquecimento excessivo, há alguns pontos de atenção para baterias e carregadores portáteis. A fim de evitar acidentes, é preciso entender a saúde do acessório e seu estado.
Quanto à vida útil, Daniel destaca que se a bateria descarrega muito rápido ou carrega em um tempo muito curto — comparado com o divulgado pela fabricante ou quando ela era nova — é um sinal de que ela já está velha e, consequentemente, pode causar problemas.
Além disso, o estado físico dela é uma boa forma de saber se está na hora de fazer o descarte. Não é incomum vermos baterias inchadas e, se chegam neste ponto, já está na hora de trocá-la:
“Quando ela começa a dilatar, significa que gases ali dentro estão sendo liberados e ela está potencialmente sendo uma bateria de risco. Nesse caso, de forma alguma, deve-se continuar a usar essa bateria e deve descartá-la”.
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