Nova variante de coronavírus é descoberta em morcegos no Brasil
Cientistas da China e de São Paulo descobriram uma nova variante de coronavírus em morcegos no Brasil, incluindo uma cepa recém-identificada com semelhanças ao vírus responsável pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS).
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O estudo coletou mais de 400 amostras de morcegos e identificou sete coronavírus distintos. Um deles possui uma relação evolutiva direta com o MERS-CoV, um vírus altamente letal que surgiu em 2012, com uma taxa de mortalidade de cerca de 35%.
Para efeito de comparação, o SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de covid-19, tem uma taxa de letalidade estimada em aproximadamente 2%.
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A presença de uma variante semelhante ao MERS-CoV na América do Sul é inédita, já que, até então, esse tipo de coronavírus havia sido documentado apenas em morcegos da África, Europa e Oriente Médio.
Isso sugere que vírus relacionados ao MERS-CoV podem estar se espalhando geograficamente, aumentando os riscos potenciais para a saúde pública.
Os cientistas agora planejam testar a capacidade dessa nova cepa de infectar células humanas. De acordo com a líder da pesquisa, Bruna Stefanie Silvério, há indícios de que a proteína spike do vírus pode interagir com receptores celulares semelhantes aos usados pelo MERS-CoV para invadir organismos hospedeiros.
Morcegos e coronavírus
Por incrível que pareça, o coronavírus circula em morcegos há décadas. O primeiro grande alerta global ocorreu em 2002, quando a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) foi atribuída a coronavírus originários desses mamíferos. Em 2012, o MERS-CoV seguiu um caminho semelhante, pulando de morcegos para camelos e depois para humanos.

Com a pandemia de covid-19, a vigilância sobre coronavírus em animais selvagens se intensificou. Agora, a descoberta de uma cepa semelhante ao MERS na América do Sul traz de volta à tona a necessidade de monitoramento contínuo desses animais para prevenir futuros surtos.
O coautor do estudo publicado no periódico Journal of Medical Virology, Ricardo Durães-Carvalho, destaca que “os morcegos são reservatórios naturais de vírus emergentes e, por isso, devem ser submetidos à vigilância epidemiológica constante”.
Embora ainda não haja evidências de que essa nova variante do coronavírus possa se espalhar entre humanos, os cientistas alertam que a simples existência dela é motivo para reforçar os protocolos de biossegurança e pesquisas preventivas.
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