Por que a maioria dos países está sofrendo para desligar o 2G?
Pelo menos 61 países ao redor do mundo já iniciaram ou planejam desligar suas redes 2G. Entre eles estão Brasil, Estados Unidos, Índia e China, segundo dados da GSMA Intelligence. O objetivo é aumentar a largura de banda 4G e 5G redirecionando o espectro 2G existente, reduzindo custos de manutenção e aumentando as receitas das operadoras, segundo a Rest of World.
No entanto, a transição levanta preocupações sobre a exclusão digital, especialmente entre a população de baixa renda.
Milhões de pessoas ao redor do mundo ainda dependem de telefones 2G. Fatores como preço acessível, falta de habilidades digitais e conectividade precária mantiveram esses aparelhos relevantes.
Em países como Índia, Paquistão e Vietnã, uma infraestrutura moderna é essencial para atrair investimentos, mas a escassez de espectro desafia a transição para redes mais avançadas.
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A venda global de celulares que não são smartphones caiu de 374 milhões de unidades, em 2019, para 200 milhões, em 2024, segundo a Counterpoint Research. Ainda assim, mercados como Índia e África do Sul continuam a investir em telefones 4G acessíveis.
A pesquisa da Aliança para a Internet Acessível revelou que, em 2021, a compra do smartphone mais barato representava 30% da renda mensal de 2,5 bilhões de pessoas no mundo.

Os dilemas para o desligamento do 2G
O dilema da transição para o 4G e 5G também afeta dispositivos essenciais, como sensores de poluição e equipamentos de monitoramento elétrico, dificultando o cronograma do desligamento do 2G em diversos países.
A África do Sul, por exemplo, estabeleceu a meta de desativar o 2G e o 3G até 2024 e 2025, respectivamente, mas adiou os prazos devido ao risco de exclusão digital para cerca de 20 milhões de pessoas.
Lá, os celulares 2G ainda estão entre os mais vendidos, custando cerca de US$ 8. Motoristas de aplicativos costumam manter um desses aparelhos como reserva para evitar furtos, pois smartphones modernos são alvos frequentes de roubos. Apesar disso, a operadora estatal Telkom já desativou sua rede 2G na maioria das regiões do país.
Especialistas defendem que governos e setor privado devem atuar juntos para facilitar essa transição, promovendo treinamento digital e subsídios para novos dispositivos. No Vietnã, a operadora estatal Viettel investiu US$ 12,2 milhões na distribuição de celulares 4G gratuitos para 700 mil assinantes.
A estratégia vietnamita se mostrou eficaz ao equilibrar a adoção do 4G com o uso de aparelhos familiares para os consumidores. No Índia, a Reliance Jio segue um caminho semelhante desde 2017, quando lançou o JioPhone, um celular 4G acessível que atingiu a liderança global do mercado de telefones básicos em menos de um ano. Mesmo assim, em 2024, 73% das vendas de celulares básicos no país ainda eram de modelos 2G.

A transição também esbarra em questões culturais. Em países como Índia e Paquistão, mulheres enfrentam restrições ao uso de smartphones devido a normas sociais que limitam seu acesso à informação.
Buscando soluções inovadoras, a empresa taiwanesa CloudMosa criou o Cloud Phone, que permite a execução de aplicativos populares em celulares 4G básicos. A tecnologia foi testada na Índia em 2023 e, depois, adotada no Vietnã pela Viettel. Em 2024, mais de um milhão de dispositivos Cloud Phone estavam no mercado, e a empresa pretende expandir para África e Ásia.
5G vai dominar redes móveis em 4 anos e alcançar 8,4 bilhões de conexões
Um relatório da 5G Americas e da Omdia projeta que, até 2029, o 5G será responsável por 8,4 bilhões de conexões móveis por todo o mundo, representando 59% da base global de redes móveis em celulares.
Desde o terceiro trimestre de 2024, o 5G já ultrapassou 2 bilhões de usuários globalmente. Nesse período, segundo o relatório, mais de 170 milhões de novas conexões foram ativadas, o que representa um crescimento de 48% em relação ao ano anterior. No total, a expectativa é que o número de usuários de 5G quadruplicará nos próximos quatro anos, passando dos atuais cerca de 2 bilhões para 8,4 bilhões.
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