Análise | Assassin’s Creed Shadows – Um espetáculo visual envolto em polêmicas e decisões ousadas
Assassin’s Creed Shadows chegou e a Ubisoft finalmente atendeu aos milhões de pedidos para um Assassin’s Creed no Japão feudal.
Mas, como sempre, a empresa não consegue simplesmente entregar algo sem cutucar a onça com vara curta. O jogo custou uma fortuna para ser produzido, teve uma avalanche de polêmicas antes mesmo do lançamento e já está dividindo os fãs entre “obra-prima” e “isso não é Assassin’s Creed“.
E é aí que a gente entra: para descobrir se Shadows é o épico que os fãs esperavam ou só mais um Ubisoft genérico com uma skin bonita de samurai.
Gráficos – O Japão mais bonito que já vi num jogo
Se tem algo que ninguém pode criticar em Assassin’s Creed Shadows, é o seu visual. A Ubisoft pode errar em muita coisa, mas o departamento gráfico segue carregando a empresa nas costas. O Japão feudal nunca esteve tão deslumbrante, e a atenção aos detalhes é de cair o queixo.
Os templos, as aldeias, os castelos shogunais, as folhas de cerejeira caindo ao vento, as montanhas enevoadas ao fundo… Tudo parece um quadro em movimento. E não é só “bonito de olhar” – o jogo brinca com o ciclo das estações, então no inverno você verá rios congelados (que podem ser usados estrategicamente), enquanto na primavera os campos floridos oferecem novos esconderijos.
Se você esperava um Assassin’s Creed com gráficos nivelados ao que vimos em Ghost of Tsushima, pode relaxar, porque Shadows vai além.
Mas gráficos bonitos sozinhos não fazem um jogo, então vamos ao que realmente importa…
Diogo como Protagonista – Um forasteiro no meio dos samurais?!
Prepare-se para a decisão mais “what the hell Ubisoft?” do jogo: o protagonista se chama Diogo (mais pra frente ele vira Yasuke), e ele é um estrangeiro que chegou ao Japão acompanhando os jesuítas portugueses. Isso mesmo, o protagonista de um Assassin’s Creed ambientado no Japão… não é japonês.
A Ubisoft justificou a escolha dizendo que Diogo oferece uma perspectiva diferente, semelhante ao que vimos na série Shogun – um estrangeiro tentando navegar na cultura samurai, preso entre a tradição e a política brutal da época.
Honestamente? Isso poderia funcionar em QUALQUER OUTRO JOGO, mas Assassin’s Creed sempre vendeu a ideia de reviver culturas pelo olhar interno. É como se no Assassin’s Creed Origins a gente jogasse com um mercenário grego em vez de Bayek. Faz sentido? Mais ou menos. Mas era o que os fãs queriam? Nem de longe.
Ainda assim, Diogo é um personagem interessante. Ele não é só um “intruso”, mas sim alguém que precisa sobreviver nesse ambiente hostil, fazendo alianças e descobrindo o que realmente significa ser um assassino nessa terra estranha.
E é aí que entra a segunda parte da jogabilidade…
Resumindo, Diogo é um guerreiro africano que chega ao Japão no século XVI acompanhando missionários jesuítas. Sua imponente presença chama a atenção de Oda Nobunaga, um dos mais poderosos daimyos da época, que o acolhe como vassalo e lhe concede o nome Yasuke, marcando sua entrada na história como o primeiro samurai estrangeiro.
Fujibayashi Naoe – A Última Kunoichi de Iga e a Caminhada pela Vingança
Se Diogo é o forasteiro tentando entender o Japão feudal, Fujibayashi Naoe é a alma de Assassin’s Creed Shadows. Ela não precisa provar nada para ninguém – o Japão é dela por direito, e ela quer vingança. Filha de um dos últimos grandes líderes do clã Iga, Naoe teve sua vida despedaçada quando Oda Nobunaga varreu sua terra natal do mapa, massacrando seus aliados e, principalmente, seu pai, que morreu diante de seus olhos.
Se a Ubisoft já foi criticada por não tratar bem suas protagonistas femininas, aqui parece que tentaram compensar, porque Naoe não só tem uma motivação poderosa, mas também representa o ápice da jogabilidade stealth. Enquanto Diogo é mais um híbrido entre ninja e samurai, Naoe é uma assassina de verdade, vivendo nas sombras, eliminando alvos antes que eles percebam que algo aconteceu. Seu arco é de vingança, sim, mas também de sobrevivência, pois, sem seu clã, ela precisa entender até onde pode ir sem se tornar o mesmo monstro que matou seu povo.
O legal é que o jogo trabalha sua história de forma brutal e crua – Naoe não é uma escolhida do destino ou heroína inabalável. Ela sangra, sofre e sente cada perda, e suas missões refletem isso. É um Assassin’s Creed que finalmente traz uma personagem feminina forte sem precisar exagerar ou forçar, e honestamente, é um dos pontos altos do jogo.
Stealth de verdade ou só mais um Ubisoft Simulator
?
Se a gente está falando de Assassin’s Creed, a primeira pergunta tem que ser: o jogo finalmente traz de volta o stealth de verdade ou continua com aquele combate automático e sem graça?
A resposta: finalmente um Assassin’s Creed que lembra um jogo de stealth.
Naoe tem ferramentas de shinobi, pode se esconder nas sombras, escalar telhados e usar truques para eliminar inimigos sem ser visto. Isso lembra muito o que tínhamos nos primeiros jogos da franquia, mas refinado com a tecnologia moderna.
Só que, como estamos falando da Ubisoft, eles precisam tentar agradar todo mundo, então também temos um sistema de combate bem chamativo para aqueles que querem partir para a porrada sem pensar.
Se você quiser, pode simplesmente sair com Diogo (Yasuke) cortando inimigos como um ronin sem controle, e o jogo vai te deixar fazer isso. O problema é que Assassin’s Creed sempre foi sobre ser um assassino, e quando o jogo não te pune por agir como um berserker, perde um pouco da identidade.
História – Trama envolvente ou só mais uma desculpa para colecionáveis?
Aqui está onde Assassin’s Creed Shadows realmente brilha. A Ubisoft caprichou na ambientação histórica, trazendo um Japão feudal cheio de intrigas, traições e uma tensão política absurda.
Como mencionado antes, Diogo é um estrangeiro navegando nesse caos, tentando encontrar seu lugar em uma sociedade que o vê como um forasteiro. Ele acaba envolvido em uma rede de conspirações, onde precisa lidar com diferentes facções, samurais leais a Oda Nobunaga e clãs shinobi com seus próprios interesses.
Mas… tem um problema aqui.
A Ubisoft adora encher seus jogos de missões secundárias sem alma, e Shadows sofre desse mesmo mal. O jogo te dá uma história incrível, mas depois te faz coletar pergaminhos aleatórios ou matar bandidos genéricos só para estender a duração.
E, sinceramente? Muita gente já cansou desse checklist de mundo aberto, Ubisoft.
Controvérsias – Ubisoft na berlinda (de novo)
Assassin’s Creed Shadows custou uma fortuna para ser produzido, e a Ubisoft está APAVORADA com a recepção do jogo.
E não é pra menos: o jogo já foi alvo de diversas polêmicas antes mesmo do lançamento.
- A escolha de Diogo como um dos protagonistas causou revolta em fãs que queriam um protagonista japonês legítimo.
- A presença do mesmo Diogo (Yasuke), um samurai negro, foi alvo de debates acalorados sobre autenticidade histórica.
- Polêmicas com um santuário xintoísta, o que enfureceu alguns setores da comunidade japonesa.
Essas polêmicas lançaram uma sombra sobre Shadows (desculpa o trocadilho ruim), e a Ubisoft ficou bem cautelosa sobre como o jogo será recebido pelos jogadores.
Eles investiram pesado, e se o jogo flopar, as consequências financeiras podem ser catastróficas.
Sendo bem honesto, é um jogo muito cativante, com história no mínimo interessante, digno de atenção para qualquer um que curte jogos de videogame.
Prós e Contras
Prós:
- Gráficos ABSURDAMENTE lindos – O Japão feudal nunca foi tão bem representado.
- História envolvente – Mistura política, traição e conflito de forma cinematográfica.
- Stealth de verdade – Finalmente voltamos às raízes da franquia.
Contras:
- Protagonista ocidental pode afastar fãs que esperavam um assassino autêntico japonês.
- Mundo aberto com muito conteúdo genérico – Ubisoft não aprende…
- Polêmicas desnecessárias que podem prejudicar a recepção do jogo.
Nota Final: 9/10
Se você esperava um Assassin’s Creed autêntico no Japão feudal, pode se decepcionar com algumas decisões da Ubisoft. Mas se conseguir superar a escolha do protagonista e os problemas típicos da série, vai encontrar um jogo visualmente deslumbrante, com uma narrativa rica e mecânicas de stealth bem trabalhadas. É um Assassin’s Creed mais próximo dos originais, mas ainda com aquela camada de “jogo de mundo aberto Ubisoft que pode cansar depois de um tempo. Se você ama a franquia, pode mergulhar sem medo. Mas se já estava cansado dos jogos anteriores, Shadows não vai mudar sua opinião.
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