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Lampreia é peixe? Conheça o “vampiro” assustador que habita rios e lagos do Brasil

As lampreias são criaturas incríveis, que habitam o planeta há mais de 360 milhões de anos, muito antes dos dinossauros. Apesar de sua aparência incomum, com um corpo alongado e uma boca circular repleta de pequenos dentes, elas desempenham um papel importante nos ecossistemas aquáticos.

Algumas espécies são parasitas e se fixam em peixes para se alimentar, mas essa estratégia de sobrevivência é completamente natural e não representa uma ameaça para o equilíbrio ambiental. Mas, afinal, será que elas podem ser consideradas peixes?

Lampreia é considerado um peixe?

Imagem: Manuel E. Garci/Shutterstock

As lampreias são animais fascinantes e pré-históricos, tendo evoluído muito pouco ao longo de centenas de milhões de anos. A lampreia-do-Pacífico, por exemplo, sobreviveu a pelo menos quatro extinções em massa, mantendo um estilo de vida singular: ela se fixa em peixes para se alimentar de sangue, comportamento que a torna conhecida como “peixe-vampiro”.

Embora vivam na água e tenham um corpo semelhante ao de algumas espécies de enguias, as lampreias não são peixes verdadeiros. Elas pertencem ao grupo dos Petromyzontiformes, uma linhagem muito antiga de vertebrados, diferente dos peixes ósseos e cartilaginosos.

O que as distingue dos peixes convencionais é a ausência de mandíbulas, escamas e nadadeiras emparelhadas. Seu esqueleto é cartilaginoso e seu sistema respiratório possui sete pares de fendas branquiais, em vez de uma única abertura como ocorre nos peixes comuns.

As lampreias podem ser encontradas tanto em água doce quanto em ambientes marinhos. Algumas espécies passam parte da vida nos oceanos e retornam aos rios para se reproduzir, enquanto outras vivem exclusivamente em lagos e rios. No Brasil, elas habitam principalmente as bacias dos rios Uruguai e Paraná, no Sul do país.

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Quando atingem a fase adulta, algumas espécies de lampreias adotam um comportamento parasitário, prendendo-se a peixes e sugando seu sangue e fluidos corporais. Elas fazem isso com a ajuda de sua boca circular e língua áspera, perfurando a pele do hospedeiro sem necessariamente matá-lo.

Em uma única alimentação, podem ingerir até 40% do sangue de um peixe, mas depois podem passar semanas ou até meses sem se alimentar novamente. Outras espécies, no entanto, não se alimentam na fase adulta, vivendo apenas para se reproduzir.

Qual a pior coisa que pode acontecer se uma lampreia me morder?

imagem de uma lampreia marinha presa ao braço de uma pessoa enquanto outras observam de perto. O animal tem corpo alongado e boca circular cheia de pequenos dentes. Cena ocorre em ambiente interno.
Crédito: U.S. Fish and Wildlife Service - Northeast Region, Public domain, via Wikimedia Commons.
Uma lampreia marinha se prende ao braço de uma pessoa durante uma demonstração educativa. Esses animais usam sua boca em forma de ventosa para se fixar a peixes e se alimentar.
Crédito: U.S. Fish and Wildlife Service – Northeast Region, Public domain, via Wikimedia Commons.

Apesar de sua aparência e de seu método de alimentação, as lampreias não são perigosas para os humanos. Seu interesse está nos peixes, e os raros casos de lampreias se fixando em pessoas acontecem acidentalmente. Isso ocorre porque esses animais são atraídos pelo calor, e podem confundir um nadador com um peixe. No entanto, ao perceberem que não encontraram a presa certa, costumam soltar-se sozinhas.

Se uma lampreia se prender à pele humana, o principal efeito será dor e sangramento, pois sua língua e dentes podem causar uma pequena ferida. A perda de sangue não é significativa para um ser humano, mas a ferida pode levar a infecções se não for higienizada corretamente.

O maior problema ocorre quando alguém tenta arrancar a lampreia à força, pois sua boca funciona como uma ventosa muito forte. Removê-la bruscamente pode arrancar pedaços de pele, causando uma lesão maior do que a própria mordida.

Se uma lampreia se fixar em você, a melhor forma de removê-la é com calma e paciência. Métodos eficazes incluem:

  • Aplicar calor na região: elas soltam rapidamente quando expostas a uma fonte de calor.
  • Usar um pouco de sal: isso pode fazê-las se desprenderem.
  • Esperar que soltem sozinhas: geralmente, percebem rapidamente que não estão grudadas em um peixe e se soltam.

Lampreias são importantes para o equilíbrio dos ecossistemas

Duas lampreias-do-rio (Lampetra fluviatilis) em um ambiente aquático, uma delas nadando acima do leito coberto por pequenas pedras. O corpo cilíndrico e as fendas branquiais são visíveis. Crédito: Tiit Hunt, via Wikimedia Commons.
Lampreia-do-rio (Lampetra fluviatilis) nadando no rio Pirita, na Estônia. Esse animal aquático primitivo possui um corpo alongado e várias fendas branquiais, sendo encontrado em águas doces e salobras.
Crédito: Tiit Hunt, via Wikimedia Commons.

Apesar de sua reputação estranha, as lampreias desempenham um papel ecológico fundamental. Elas ajudam a regular populações de peixes em rios e lagos e fazem parte da cadeia alimentar.

Algumas espécies são essenciais para o funcionamento dos ecossistemas, enquanto outras podem se tornar um problema quando introduzidas em ambientes onde não têm predadores naturais, como ocorreu nos Grandes Lagos da América do Norte.

Sejam como predadores, presas ou filtradores de matéria orgânica na fase larval, as lampreias são um exemplo impressionante da diversidade e adaptação dos vertebrados aquáticos. Entender melhor esses animais ajuda a valorizar sua importância na natureza e a evitar julgamentos equivocados sobre sua aparência e comportamento.

Com informações de Encyclopædia Britannica.

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