Review: Suikoden 1 e 2 HD Remaster respeita os clássicos JRPGs
Entre tantos grandes jogos de JRPG lançados para o PlayStation 1 — um dos melhores consoles da história para esse gênero —, é bem difícil encontrar alguém que tenha jogado todos eles. Confesso que até ter o prazer de analisar esta coletânea de remasterizações Suikoden 1 e 2 HD Remaster Gate Rune and Dunan Unification Wars, eu mesmo nunca tinha encostado na franquia.
Apesar de já ser um jovem adulto na geração 32 bits, não lembro de ter visto Suikoden nas locadoras e bancas mais próximas de casa, e só vim a ouvir falar na série recentemente, através de youtubers como o ótimo Cogumelando, que tem a franquia como uma de suas favoritas em toda a vida. Isso, naturalmente, atiçou a minha curiosidade e me fez colocar os jogos no backlog de coisas essenciais que eu ainda precisava jogar um dia.
Graças à Konami e aos meus amigos aqui do Flow Games, enfim surgiu a oportunidade de fazer essa grande reparação histórica. Digo tudo isso para deixar claro que esta não é a análise de um especialista em Suikoden, mas sim de alguém que está chegando agora totalmente desprovido de nostalgia ou julgamentos precipitados. Confira o review completo de Suikoden 1 e 2 HD Remaster Gate Rune and Dunan Unification Wars a seguir!
O primeiro contato com Suikoden
A série surgiu originalmente no finzinho de 1995 no Japão, então é bom ter em mente que estamos falando de uma franquia com 30 anos de idade, o que naturalmente significa que, ao fazer uma remasterização ao invés de remake, temos que lidar com elementos datados por natureza.
Por sorte, eu sempre tive facilidade em me colocar no lugar dos jogadores das antigas (provavelmente por ter vivido bem essa época), então foi fácil aturar alguns problemas como o gerenciamento limitadíssimo de inventário, por exemplo, onde cada personagem só pode carregar um pequeno número de itens por vez, e até trocar o seu equipamento não é lá o processo mais divertido do mundo.
Dava para resolver isso? Certamente, mas não acho justo pautar uma análise no que o jogo PODERIA ser, mas sim no que ele DE FATO, É. E o que ele é realmente consegue ser muito especial, apostando em uma premissa única para a sua época com mais de 100 personagens que você pode recrutar para a sua base, com ótimos combates por turnos e uma história muito gratificante e surpreendente, especialmente no segundo jogo (muito superior ao primeiro em tudo).
Aprimoramentos muito bem-vindos
Se alguns dos problemas antigos foram mantidos, outras tantas questões receberam um tratamento mais moderno, a começar pelas artes (ou retratos) dos personagens, que foram redesenhadas pelo veterano artista Junko Kawano em um resultado final belíssimo.
Mesmo que na hora do gameplay em si os personagens ainda sejam sprites 2D, tanto eles como especialmente o mundo ao seu redor estão muito mais bonitos, com um rico universo em 3D de alta definição dando o tom para a aventura que ainda tem efeitos sonoros aprimorados. Estranhamente, as músicas pareceram iguais ao que eu ouvi em vídeos de gameplay no YouTube, então salvo alguma falta de percepção da minha parte, imagino que não houve mudanças dignas de nota nesse departamento.
Já no que diz respeito ao gameplay em si, agora é possível acelerar as lutas (o que é especialmente conveniente caso você esteja precisando fazer um pouco de grinding, o que não foi de todo incomum para mim) e usufruir de um sistema de salvamentos automático, mas esse sim eu achei bastante problemático e porcamente implementado.
O autosave costuma rolar apenas bem próximo de pontos em que você já poderia salvar normalmente, como em altares e hotéis. Em meu primeiro contato, tolamente confiei nele e, ao visitar uma área um tanto além do nível dos meus personagens, acabei perdendo quase meia hora de progresso, como você pode ver no meu vídeo de gameplay que compartilho logo abaixo.
Ou seja, não confie na ferramenta de autosave e, ao invés disso, faça como os nossos antepassados e salve tudo manualmente por conta própria para não sofrer como eu sofri, combinado?
O segundo (e muito melhor!) contato com Suikoden
Eu comecei zerando o primeiro jogo e admito que, apesar de ter gostado, não entendi os motivos que levaram a franquia a ser tão cultuada por tanta gente. Claro, é um jogo competente para a sua época, quando ainda vivíamos os primeiros anos do PS1, e o saudoso diretor Yoshitaka Murayama (de Eiyuden Chronicles) já dava sinais de grandeza, mas eu tinha deixado algo escapar?
Bom, faltava me aventurar pelo segundo jogo, e lá estava a minha resposta. Puxando dados do seu save na primeira campanha para garantir ainda mais imersão, Suikoden 2, agora sim, é uma joia absoluta dos JRPGs e um título deliciosamente imperdível, digno de figurar em qualquer lista que se preze de melhores jogos de todos os tempos.
Aliás, você pode começar jogando por qualquer um deles à vontade nessa remasterização, mas eu recomendo começar pelo primeiro Suikoden justamente por esse elemento do save importado e para poder apreciar ainda melhor a narrativa e seus personagens. Seja como for, parece evidente para mim que Suikoden 2 carrega esse pacote de remasterizações nas costas. Se algo faz o preço da compra valer — e muito! — a pena, é ele.
O brilhantismo de Suikoden 2
Em 1998 Suikoden 2 fez história. Com quase o dobro de duração em relação ao primeiro jogo (cerca de 20 contra 40 e poucas horinhas cada, como você pode ver no longplay abaixo), o jogo tem um ritmo melhor e mais veloz, de forma que o tempo passa voando enquanto conta uma história genial intercalando política, guerra, e tragédia pessoal.
O limitada sistema de magia do primeiro game é extremamente melhorado com a possibilidade de equipar três runas de uma só vez, e o grid das batalhas por turno lhe confere um pouco mais de controle do que a estrutura engessada do primeiro Suikoden, que limitava-se a montar uma linha de frente e retaguarda de acordo com os personagens cujos atributos melhor encaixavam em sua party.
Mesmo sem ter nada muito chocante ou inovador na aplicação disso, até a adição de batalhas de guerra em larga escala ajuda um bocado a dar mais variedade ao jogo, puxando um pouquinho até de Fire Emblem em seus sistemas de pedra-papel-tesoura. É uma aula de beleza em pixel art, e o remaster foi muito feliz ao saber preservar corretamente os melhores elementos desse estilo artístico enquanto aprimorava tudo o que era possível ao seu redor.
Vale a pena jogar Suikoden I e II HD Remaster?
Suikoden I e II HD Remaster é um belo pacote que, mesmo longe da perfeição, trata com dignidade dois JRPGs muito charmosos e que todo fã do gênero deveria conhecer. Mesmo sem localização em português e com vários recursos datados, por baixo disso esconde-se uma história verdadeiramente memorável.
Galerias de arte e biblioteca sonora completam um pacote que, infelizmente, peca muito pela falta de localização em português. Seja como for, se estiver ao seu alcance e tiver interesse na história do gênero, vale muito a pena fazer um esforço para zerar Suikoden 2, uma absoluta preciosidade dos JRPG.
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