Funerais da antiguidade mostram o que neandertais e Homo sapiens compartilhavam
A Caverna de Timshenet, na atual Israel, foi compartilhada por Homo sapiens e neandertais há 100.000 anos, quando ambas as culturas humanas enterraram seus mortos de maneiras praticamente idênticas. Análises do local mostraram que as tecnologias e ideias culturais dessas espécies foram compartilhadas — muito mais do que se imaginava.
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Em um estudo publicado por cientistas de diversas universidades no periódico científico Nature Human Behaviour, descobriu-se que os clãs hominídeos da caverna compartilhavam das exatas mesmas estratégias de caça e fabricação de ferramentas, mostrando a mistura de espécies na região do Levante.
Humanos trabalhando juntos
E é exatamente no Levante onde foram encontrados os mais antigos enterros humanos da história. Sítios como os de Qafzeh, Shkul, Tabun e Nesher Ramla datam entre 100.000 e 110.000 anos atrás, com proporções diferentes de restos de H. sapiens e neandertais em cada uma, com algum grau de hibridização.
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As tecnologias líticas (de pedra lascada) de Tinshemet combinam com a indústria centrípeta de Levallois, ou seja, um método específico de fabricação de ferramentas de pedra, também usado em sítios arqueológicos próximos.
É uma maneira de trabalhar com pedras próprio da época, não aparecendo em nenhum momento anterior da história — nos sítios, eles estão presentes tanto nos locais neandertais quanto H. sapiens. Como é um processo de produção e não algo que define o formato final das ferramentas, essa tecnologia tinha que ser aprendida por transmissão cultural: não havia outra maneira de reproduzi-la.
Restos animais dos sítios arqueológicos também indicam que os hominídeos do Levante, em meados do Paleolítico Médio, caçavam grandes herbívoros, como auroques e cavalos, diferente de humanos anteriores e posteriores. As respostas das espécies humanas à morte também eram muito parecidas, com os corpos bastante flexionados e enterrados com objetos pessoais, restos animais e de ocre.
Essas práticas e o uso de ocre são considerados, na ciência, como elementos importantes no desenvolvimento de pensamento simbólico nos humanos pré-históricos, indicando que as interações entre as diferentes espécies levou ao surgimento de comportamentos e costumes complexos.
Tais atitudes só são vistas no Levante e só neste período, mostrando como as interações sociais entre linhagens diferentes de Homo levaram não apenas a uma coexistência, mas também ao compartilhamento ativo de tecnologias, práticas e ideias: éramos muito mais integrados do que se acreditava.
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