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Crânio espanhol de 1,4 milhão de anos é face humana mais antiga da Europa

Pesquisadores encontraram, em uma caverna das Montanhas Atapuerca, na Espanha, parte do crânio de um antigo ancestral humano, virando a história dos hominínios locais de cabeça para baixo: estes seriam os restos humanos mais antigos encontrados na Europa Ocidental, bem antes do que se pensava.

O local já era usado pela espécie conhecida como Homo antecessor, da qual os neandertais provavelmente evoluíram. Os novos ossos, no entanto, são milhares de anos mais velhos e possuem um formato diferente, sugerindo que são de Homo erectus, um ancestral dos Homo sapiens que viveu na Europa no início do Pleistoceno (2,6 milhões a 800.000 anos atrás).

Humanos mais antigos da Europa

Um estudo sobre o achado foi publicado na revista científica Nature na última quarta-feira (12) por paleoantropólogos do Instituto Catalão de Paleoecologia e Evolução Social dos Humanos. Ele foi realizado durante uma escavação da equipe na caverna de Sima del Elefante (poço do elefante, em tradução livre) em 2022.


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Arqueólogos durantes escavações em Sima do Elefante, na Espanha, onde o fóssil de Pink foi encontrado (Imagem: Maria D. Guillén/IPHES-CERCA)
Arqueólogos durantes escavações em Sima do Elefante, na Espanha, onde o fóssil de Pink foi encontrado (Imagem: Maria D. Guillén/IPHES-CERCA)

Todos os fragmentos vieram do lado esquerdo da face, ou maxila, mandíbula superior e parte do osso da bochecha. O nome dado ao espécime foi “Pink”, em homenagem à banda Pink Floyd e seu álbum The Dark Side of The Moon (O lado escuro da Lua, em tradução livre).

O rosto é surpreendentemente diferente do H. antecessor, espécie também encontrada muitas vezes nas Montanhas Atapuerca, começando em 1994. Eles datam entre 1,2 e 800.000 anos atrás, e, assim como os humanos modernos, possuem faces verticais e achatadas.

Quando Pink foi reconstruído, no entanto, os cientistas notaram diferenças grandes com a espécie, sendo mais robusto e projetado — ou seja, mais próximo dos H. erectus. Ferramentas de pedra simples também estavam no local, feitas de quartzo, cherte e calcário, bem como ossos de animais com sinais de cortes feitos por humanos.

Algumas ferramentas de pedra encontradas em Sima del Elefante, mostrando que os humanos do local manipulavam carnes e couro (Imagem: Nature/Maria D. Guillén/IPHES-CERCA)
Algumas ferramentas de pedra encontradas em Sima del Elefante, mostrando que os humanos do local manipulavam carnes e couro (Imagem: Nature/Maria D. Guillén/IPHES-CERCA)

Os primeiros hominínios, segundo cientistas, saíram da África há cerca de 1,8 milhão de anos, quando os H. erectus saíram do corredor levantino (faixa estreita de terra que conecta a África à Eurásia). Na Ásia e África, restos de H. erectus estão em diversos lugares, mas são raros na Europa Ocidental dessa época. 

Isso quer dizer que Pink seria, então, parte dos primeiros humanos na região, há 1,4 milhões de anos, desafiando a crença de que os H. antecessor teriam sido os recordistas. O espécime, no entanto, possui algumas características diferentes dos H. erectus, então foi descrito como Homo affinis erectus — affinis significa “parecido com”, em latim.

Com base nos dentes, Pink era um adulto quando morreu, mas não é possível saber se era macho ou fêmea. É a terceira vez que a equipe encontra fósseis de hominínio inesperadamente na caverna — as outras vezes foram em 1997 e 2008, este último provavelmente da mesma espécie que Pink, mas entre 1,1 e 1,2 milhão de anos, o antigo recordista de primeiro hominínio europeu.

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