Por que não conseguimos fazer cócegas em nós mesmos? A ciência explica!
As cócegas são uma sensação curiosa: podem ser divertidas, mas também desconfortáveis. E, por mais que tente, você nunca consegue fazer cócegas em si mesmo. O motivo? Seu cérebro já sabe o que vai acontecer e ignora a sensação antes mesmo de senti-la.
Segundo o neurocientista David Eagleman, da Universidade de Stanford, o cérebro não reage apenas ao presente, mas também prevê o futuro. Quando tentamos nos fazer cócegas, o sistema nervoso antecipa o estímulo e reduz sua resposta, tornando a sensação ineficaz.
Esse mecanismo é essencial para evitar distrações com estímulos previsíveis e permitir que o cérebro se concentre no inesperado. É por isso que, quando outra pessoa nos faz cócegas, o toque ativa áreas ligadas à surpresa e ao riso involuntário, tornando a experiência bem diferente.
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O cérebro prevê antes de sentir
Sempre que você faz um movimento, seu cérebro não apenas comanda os músculos, mas também avisa antecipadamente outras áreas responsáveis pelas sensações. Esse aviso prévio, chamado de “cópia de eferência”, evita que o corpo se surpreenda com suas próprias ações.

Se você pega um lápis, o cérebro envia sinais para a mão e, ao mesmo tempo, informa o córtex somatossensorial e o córtex visual sobre o que está prestes a acontecer. Dessa forma, o toque e a visão do lápis são percebidos como esperados, sem causar reações exageradas.
O mesmo ocorre com as cócegas: como o cérebro prevê o toque autoinduzido, ele reduz sua intensidade, tornando a sensação ineficaz. Esse mecanismo, além de curioso, é essencial para que o corpo controle melhor seus sentidos e reaja apenas a estímulos inesperados.
O cérebro foca no inesperado
O cérebro ignora estímulos previsíveis para priorizar o que pode ser relevante. Por exemplo, se você fecha a porta de um carro e escuta um som diferente do esperado, seu cérebro percebe o erro imediatamente. Essa capacidade de detectar mudanças foi destacada pelo neurocientista David Schneider, da Universidade de Nova York, em entrevista à revista especializada Live Science.

O mesmo acontece com sons repetitivos, como passos. O cérebro reduz a percepção dos próprios movimentos, mas se alguém caminha atrás de você, a atenção se volta para esse novo estímulo. Como explicou Schneider, isso ocorre porque mudanças inesperadas podem representar riscos à sobrevivência.
Esse fenômeno não é exclusivo dos humanos. Pesquisas com camundongos mostram que seus cérebros quase não reagem ao som de seus próprios passos. No entanto, quando um ruído idêntico vem de uma fonte externa, a resposta neural é intensa.
No fim, seja em humanos ou em animais, o cérebro funciona como um filtro, priorizando o que realmente importa – seja uma ameaça ou apenas uma surpresa.
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