Mesmo sem estatueta de Fernanda, Brasil tem noite épica no Oscar 2025
O cinema brasileiro — e por que não, o Brasil todo — vive uma noite épica na primeira hora da segunda-feira (3) de Carnaval. A festa mais popular do nosso calendário e a onda de calor em todo o País aqueceram as expectativas pela chegada do Oscar 2025, às 21 horas (horário de Brasília), que transformou bares, praças, baladas, quintais, varandas — e qualquer lugar com um amontoado de pessoas — em legiões de “torcedores” de Fernanda Torres e Walter Salles com o filme Ainda Estou Aqui, indicados aos prêmios de Melhor Atriz, Melhor Filme e Melhor Internacional.
- Como seguir os indicados do Oscar 2025 nas redes sociais
- 7 atores que ganharam o Oscar com pouco tempo de tela
A virada do domingo (2) para a segunda (3) de março de 2025 entrou para a história de nossa cultura e do cinema mundial, pois os brasileiros, quando esquecem as diferenças e se unem em um só propósito, marcam uma presença estrondosa onde quer que estejam.
E foi assim, barulhento e cheio de glitter dos bloquinhos com foliões noturnos em todo o território nacional, que o Brasil comemorou o inédito prêmio de Melhor Filme Internacional como se fosse um título do Mundial de Futebol.
–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
A temporada de premiações e homenagens a Fernanda, Salles e Ainda Estou Aqui incomodou os principais rivais, explodiu como nunca a contagem de visitas, likes e comentários do Instagram da Academia do Oscar e transformou a ebulição carnavalesca das altas temperaturas de um dos verões mais quentes do século em um vulcão em erupção de alegria e orgulho pela conquista inédita.

Depois de ser ovacionado por 10 minutos na primeira exibição em Veneza, há seis meses, Ainda Estou Aqui acumulou nada menos do que 39 nove prêmios antes de chegarmos ao impressionante e histórico número de 40 conquistas em festivais de cinema e eventos semelhantes — com direito ao também prestigiado e inédito Globo de Ouro 2025 de Melhor Atriz para Fernanda Torres e outros troféus de enorme valor, como o Goya 2025 e o Bafta 2025.
Um Oscar para derrubar os muros que escondem o Brasil
O Oscar 2025 tem muitos significados para o Brasil e deve ser tornar um marco para o próximo passo de nossa cultura no cenário mundial — e vamos concordar que estamos precisando de unanimidades boas para o povo parar um pouco de polarizar a vida e se unir novamente para superar décadas de atraso.
Em primeiro lugar, estávamos todos ainda sentindo o amargor acre da injusta perda do Oscar de 1999 para o bocejante filme mais esquecível da história da premiação. E ainda tivemos que aguentar a vencedora daquele ano sendo blasé quando um programa de TV visitou sua casa e gravou a estatueta que deveria ser de Fernanda Montenegro por Central do Brasil sendo usado como peso para porta. Ainda Estou Aqui como Melhor Filme Internacional do Oscar 2025 trouxe uma certa sensação de Justiça sendo feita 26 anos depois.

E daí vem a própria trama do filme, que resiste ao tempo em um momento de ataque à memória das vitórias populares nacionais. Ainda Estou Aqui revive uma época em que o Brasil também teve que superar diferenças para voltar a ter o direito de escolher, questionar, debater, discordar; e de nunca mais esquecer como a liberdade é importante para o amadurecimento e o progresso. A resiliência e a luta de Eunice Paiva, brilhantemente caracterizada por Fernanda Torres, simboliza esse pilar difícil de ser derrubado.
Por último, mas não menos importante, o Brasil consegue uma atenção especial desde o ano passado, de forma que nunca teve antes, por conta de uma mensagem importante das Fernandas. Torres destacou insistentemente nos últimos meses que nosso povo conhece as culturas de outros países; e que também somos apaixonados pela nossa própria expressão multiétnica.
O fato de um filme ser falado em português brasileiro não deveria ser uma barreira para tapar os olhos do mundo. E, graças ao que começou com Montenegro e Salles lá nos anos 1990, encerrou um ciclo de amadurecimento, compromisso, dedicação e muito talento. Ainda Estou Aqui vai permanecer os próximos meses derrubando muros e mostrando como é bonito o que produzimos por aqui.
Leia a matéria no Canaltech.