O que são terras raras e por que há tanta disputa por suas riquezas?
As terras raras são compostas por 17 elementos químicos com propriedades físicas e químicas parecidas, importantíssimas para o desenvolvimento de diversas tecnologias modernas, de carros elétricos, turbinas eólicas e aeronaves a celulares, placas solares, ligas de aço e máquinas de raios-x. Apesar do nome, elas não são terras — e nem mesmo raras.
Os minerais dos quais são extraídas as terras raras são abundantes no mundo, especialmente na Ásia: o Brasil, no entanto, é o segundo colocado na lista dos países que mais possuem a matéria-prima em seu território.
A questão chave desses elementos é que eles são muito difíceis de serem extraídos, e seu obtenção e uso, considerados críticos por diversos países, é o que gera as disputas internacionais pelo seu controle.
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O que são terras raras?
O nome dos elementos que compõem as terras raras vem de uma longa história na química. Quando foram descobertos e isolados dos minérios que os contêm, eles foram colocados no grupo dos óxidos, que também eram conhecidos como “óxidos metálicos”. Como no início só eram encontrados na Escandinávia e eram bem difíceis de separar dos minerais, foram chamados de “raros”.

Dos 17 elementos químicos que compõem as terras raras, 15 deles estão no grupo dos lantanídeos na tabela periódica, com apenas dois — o escândio e o ítrio — ficando de fora. São eles:
- Lantânio;
- Cério;
- Praseodímio;
- Neodímio;
- Promécio;
- Samário;
- Európio;
- Gadolínio;
- Térbio;
- Disprósio;
- Hólmio;
- Érbio;
- Túlio;
- Itérbio;
- Lutécio.
A maioria das reservas mundiais das quais se obtêm as terras raras estão na China, que concentra 44 milhões de toneladas. O Brasil é o segundo colocado, com 22 milhões, número que também está presente no terceiro, Vietnã. Em seguida, vem Rússia, com 12 milhões, Índia, com 6,9 milhões, e Austrália, com 3,4 milhões.
No Brasil, as terras raras estão nas areias monazíticas do litoral e em jazidas localizadas nas proximidades de vulcões já extintos: as principais cidades são Araxá e Poços de Caldas, em Minas Gerais, Catalão, em Goiás, e Pitinga, no Amazonas.
Como o custo de extração e separação é muito alto, no entanto, o país precisa exportar as reservas para países como a China antes de poder usar os produtos finais.
Porque as terras raras são tão importantes?
Com o advento de tecnologias modernas, as terras raras ficaram bastante importantes, já que são essenciais para produzir componentes magnéticos e de absorção e emissão de luz, por exemplo. Elas são macias, maleáveis e dúcteis (que suportam muita manipulação e deformação sem quebrar), além de bastante reativas.

Países como os Estados Unidos consideram as terras raras materiais críticos para sua economia e tecnologia, já que estão sob monopólio de outros países, como a China, grande rival comercial das indústrias ocidentais. Isso tem gerado disputas internacionais sobre territórios como o da Groenlândia, que é rica em terras raras e fica nas proximidades da América do Norte.
As aplicações tecnológicas de alguns dos elementos das terras raras explica sua importância:
- Cério: usado na fabricação de lâmpadas LED;
- Cério, Disprósio, Ítrio e Lantânio: fabricação de carros;
- Cério, Európio e Ítrio: diodos emissores de luz LED;
- Európio e Cério: telas e monitores;
- Európio, Cério, Disprósio, Ítrio e Lantânio: fabricação de aviões;
- Itérbio e Lantânio: ligas de aço;
- Lantânio: painéis solares e lentes;
- Lutécio, Cério, Escândio, Lantânio e Neodímio: separação de componentes do petróleo;
- Neodímio: ímãs de discos rígidos de computador e carros elétricos, bem como lasers;
- Neodímio, Cério e Lantânio: catalisadores de carros;
- Neodímio e Disprósio: turbinas eólicas e circuitos elétricos;
- Túlio: raios-x;
- Gadolínio, Neodímio e Praseodímio: alto-falantes de celular;
- Európio, Gadolínio, Ítrio e Térbio: telas de celular;
- Ítrio e Lantânio: câmeras de celular;
- Lantânio e Praseodímio: baterias de celular.
Atualmente, diversos cientistas brasileiros trabalham em técnicas que possam baratear a extração e separação de terras raras para que o país possa aproveitar a riqueza mineral que possui. A China, por exemplo, investiu em toda a cadeia produtiva das terras raras, extraindo, separando e produzindo materiais como ímãs, usados em carros elétricos, os quais vende para todo o mundo.
Apesar do mercado mundial desses elementos ser “pequeno” financeiramente, movimentando apenas 5 bilhões de dólares (cerca de R$ 29 bi) por ano, sua importância estratégica é gigantesca, dados os seus usos em tecnologias como as citadas acima, especialmente carros elétricos.
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