Como foi o workshop sobre Apple Intelligence realizado pela Apple Brasil
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Felipe Vidal
Desenvolvedor para iOS, tem 24 anos e está se formando em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Minha história com a Apple
Minha história com a Apple é bem antiga. Tudo começou lá em 2011, quando vi um iPhone pela primeira vez e fiquei fascinado. Era um celular com a tela gigante e supercustomizável, ou seja, cada aplicativo era de um jeito.
A partir daquele momento, aquilo virou meu hiperfoco. Enfim, passou o ano, eu acabei mudando de colégio e, nessa nova escola, também havia um menino com um iPhone, tinham outras pessoas com iPads e eu estava mais cercado daquilo, achando tudo incrível. No final daquele ano, eu acabei ganhando de presente o meu primeiro iPhone (um iPhone 4).
Bom, a partir daí eu comecei a entender mais sobre os aplicativos e como tudo funcionava. Lembro que na época eu tinha criado um site falando sobre os produtos da Apple, mais especificamente sobre jailbreak e iOS… então comecei a conhecer as apresentações da Apple e gostava muito de assistir a Steve Jobs apresentando os produtos.
Pronto, esse passou a ser o meu segundo hiperfoco: um dia subir no palco de uma WWDC ou de algum evento da minha empresa e apresentar produtos novos, tal como Jobs (e Tim Cook, atualmente).
Em meados de 2013, comecei a me interessar por programação e decidi iniciar por conta própria. O maior desafio era: eu precisava de um Mac, mas naquele momento era superdifícil. Minha solução foi tentar, por diversas vezes, criar máquinas virtuais e Hackintoshes, porém todas fracassadas. Meu hardware não era compatível com a placa de vídeo, então ficava tudo travando.
Até eu conseguir abrir o Xcode e criar o meu primeiro projeto, o famoso “Hello, world!”, eu devo ter levado uns 40 minutos — uns 10 só pra abrir o Launchpad.
Ainda no final de 2013, consegui comprar um Mac mini; depois de muito conteúdo gratuito online da vida, criei o meu primeiro app, que era um simulador de financiamento de veículos — esse projeto nunca saiu de um simples estudo, porém.
Na WWDC14, a Apple lançou a linguagem Swift, e é aí que eu me encontro na área. Desde a primeira vez que eu a usei, já gostei. Parecia que eu tinha facilidade com aquilo! Naquele ano, então, lancei o meu primeiro aplicativo na App Store, o Split the Bill (um simulador de contas de bares e restaurantes e era um orgulho gigantesco ter feito aquilo tudo sozinho, desde a implementação até o envio para a App Store).

Em 2022, comecei a minha jornada profissional como desenvolvedor iOS em uma empresa de São Paulo. Foi minha primeira experiência como dev Swift, mesmo. Sabe aquela frase? “Trabalhe com o que você ama e você nunca mais precisará trabalhar na vida”? Pois então, é muito verdade.
Depois de um tempo, saí daquela empresa e confesso que foi bem difícil encontrar outra oportunidade. Foram vários emails sem respostas, aplicações para vagas sem sucesso, outras negadas… mas e eu não podia ficar parado.
Foi ai que surgiu o Follows Audit, um app para analisar as interações do Instagram de forma totalmente segura e privada. Todos os dados são tratados offline, no dispositivo do usuário. E o melhor de tudo? Não há riscos de a conta ser banida!
Depois de muuuito código e muitas idas e vindas, ele de fato saiu do papel em 2024 — coincidência ou não, dez anos após o meu primeiro aplicativo na App Store.
Workshop na Apple Brasil
Desde quando a Apple entrou na minha vida, o MacMagazine chegou junto e me criou o hábito de acompanhar notícias. Fazia questão de chegar no final do dia e ler as últimas notícias envolvendo a Apple — e eu confio tanto no MM que caio todo ano nas pegadinhas de primeiro de abril.
Enfim, brincadeiras à parte, foi no MM que eu fiquei sabendo sobre o workshop que a Apple daria sobre a Apple Intelligence e machine learning.
Um dia, passando pelas notícias, vejo algo sobre o evento e na hora pensei: “Opa, é uma super-oportunidade!” Quando saiu a correção da informação de que o evento não seria na loja do Morumbi, e sim na sede da empresa, eu tinha certeza de que eu não poderia faltar — tinha que dar um jeito de estar presente!
Logo depois, acabei recebendo um email da comunicação da Apple Developer, também divulgando o evento. Na hora, não hesitei em fazer a minha inscrição. Só tinha um detalhe: eu moro bem longe de São Paulo e o evento estava logo ali, se aproximando.
O processo de inscrição foi bem simples: bastava escrever um texto explicando como eu pretendia aplicar a Apple Intelligence e outros recursos de inteligência artificial nos meus aplicativos. Pronto, inscrição feita!
Para minha surpresa, no mesmo dia saiu a confirmação e eu estava dentro! Era hora, então, de ver como eu iria. Como esperado, as passagens de avião estavam caríssimas, então a solução foi encarar oito horas de ônibus — se eu quisesse realizar esse sonho de conhecer a sede a Apple. E como sonhos não tem empecilhos, o que eram oito horinhas, né?
Pois bem, o evento era numa segunda-feira e eu saí de Juiz de Fora no domingo à noite, chegando a São Paulo na segunda pela manhã, por volta das 8h — e o evento estava marcado para às 13h. Fiquei por ali na rodoviária mesmo, matando tempo e enrolando até a hora de almoçar e ir ao local marcado.
No hall, começaram a chegar outros desenvolvedores. Uns com camisa da Apple, outros com jaqueta da WWDC… e a interação começou ali mesmo, enquanto esperávamos a recepção liberar a subida às 13h em ponto.
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
Quando finalmente subimos, fomos recebidos por uma segunda recepção no andar da Apple. A funcionária nos deu as identificações (que era um adesivo com nosso nome) e nos orientou a seguir por um corredor decorado com vários quadros minimalistas com as logos da Apple, um mais incrível que o outro — imagine não poder tirar uma fotinho!
Dias antes do evento, recebi um email com todas as informações necessárias: localização, horário, nome do anfitrião e, claro, algumas regrinhas, como:
- Fique sempre com seu anfitrião.
- Não é permitido tirar fotos ou gravar vídeos no campus.
- Não entre em laboratórios ou espaços de trabalho confidenciais.
Confesso que, mesmo com muita vontade de tirar várias fotos lá dentro, fiquei com um certo receio de infringir alguma regra e acabei quase não tirando nenhuma.
Ao final do corredor, a sala do evento. Fomos recepcionados pelo Felipe Dal Mas, do time de relação com desenvolvedores, que foi o nosso anfitrião e conduziu a palestra. A famosa mesa de “comes e bebes” estava lá, impecável. Além dele, outras pessoas da equipe da App Store estavam presentes, incluindo um outro palestrante que conduziu a parte técnica sobre APIs 1 e implementações.
A apresentação tinha aquela mesma pegada das sessões da Worldwide Developers Conference, só que ao vivo e em português. Mesmo já tendo bastante conhecimento sobre os assuntos abordados ali, ouvir e assistir pessoalmente foi como realizar o sonho de estar presente em uma WWDC!
Depois do primeiro tempo de palestra, pausa para um lanche, esticar as pernas e trocar ideias com as pessoas. A segunda parte foi ainda mais técnica, e ao final, abriram espaço para perguntas, dúvidas sobre Apple Intelligence, APIs, frameworks… e nada ficou sem resposta! A previsão era terminar às 16h, mas acabamos um pouco antes e ficamos por ali, conversando com outros devs e pessoas da própria Apple, aproveitando cada minuto daquela experiência.
Antes de sair de lá, um último detalhe: todos precisavam tirar o adesivo de identificação ali mesmo. Acho que, por mais que a gente tenha aprendido muita coisa técnica, o mais valioso de tudo foi que saímos de lá inspirados pelo ambiente. Eu já queria sair implementando tudo o que eles tinham falado e estava buscando onde colocar certas funções da Apple Intelligence no meu app!
O ambiente e as pessoas de fato nos inspiram, e esse evento serviu para me dar a certeza — mais uma vez — de que eu estou no caminho certo, estudando e trabalhando muito para, quem sabe um dia, estar ali, naquele papel de palestrante. Meu sonho!
Por mais cansativo que tenha sido esse bate e volta de 16 horas, eu faria tudo novamente! Conheci pessoas incríveis lá e fiz amizades que eu espero ter bastante contato a partir de agora. Se tiver a oportunidade de fazer uma loucura dessa, faça! Eu já sabia bastante coisa que eles iriam comentar, pelo fato de já ter assistido a todas as seções da WWDC, mas como eu disse, o ambiente é inspirador.
E, por fim, eu imagino que muitos devam estar se perguntando: mas eles falaram alguma informação nova sobre a Apple Intelligence? Apresentaram algo novo? Infelizmente a resposta é não, apenas confirmaram que ela está chegando agora em abril, em português.
Fim do tour
Quando finalmente olhei pro relógio, eram 16h e pouca e pensei: “Meu ônibus é só às 21h50, vou pra rodoviária e tento trocar pra um horário mais cedo.” Cheguei à rodoviária por volta das 16h40 para descobrir que o último ônibus antes do meu tinha saído às… 16h10. Assim, tive que esperar até 21h50 para voltar a Juiz de Fora.
Mas nada, absolutamente nada, poderia estragar aquele dia! A experiência foi superválida — e eu sigo aproveitando todas as oportunidades, independentemente da distância, para me aproximar do meu objetivo de me tornar um desenvolvedor especialista em Swift e, quem sabe um dia, conseguir a tão sonhada vaga na Apple.
Afinal, sempre aprendi que a estrada pode até ser longa, mas o destino sempre vale a viagem.