Epic assumirá custo de taxa da Apple para expandir sua Games Store na UE
A Epic Games anunciou uma estratégia ousada para enfrentar a Taxa de Tecnologia Principal (Core Technology Fee, ou CTF) da Apple, se comprometendo a cobrir os custos para desenvolvedores que aderirem à sua loja de aplicativos.
Essa é uma tentativa da Epic para expandir a Games Store no Android, globalmente, e no iOS dentro da União Europeia (UE), onde as leis obrigam a Maçã a permitir lojas de terceiros por causa da Lei dos Mercados Digitais (Digital Markets Act, ou DMA).
A CTF cobra 0,50€ por cada instalação de aplicativos que ultrapassem 1 milhão de downloads anuais, mesmo que o app esteja listado tanto na App Store quanto em uma loja alternativa.
Durante uma entrevista, o CEO 1 da Epic, Tim Sweeney, não poupou críticas à taxa, chamando-a de “insidiosa” e dizendo que ela foi “desenhada de forma deliberada” para afastar os desenvolvedores de explorar outras plataformas.
É economicamente inviável e vai nos fazer perder muito dinheiro, [mas] sentimos que precisamos romper esse bloqueio. [A CTF] é um mecanismo absolutamente insidioso, engenhosamente projetado e defendido de forma ardilosa, e é o principal ponto que os reguladores europeus precisam derrubar.
Para tentar mudar esse cenário, a Epic vai passar a oferecer jogos gratuitos em sua loja — por tempo limitado —, começando com Bloons TD 6 e Dungeon of the Endless: Apogee, que estarão disponíveis até 20 de fevereiro.
Novos jogos serão oferecidos mensalmente, com a ideia de migrar para lançamentos semanais ainda este ano. Para atrair mais desenvolvedores, a Epic cobrirá os custos da CTF por um ano para as produções que fizerem parte do programa de jogos gratuitos.
Um apelo por mudanças
A iniciativa surge em meio a um momento de maior fiscalização sobre a Apple e o Google. No fundo, o que a Epic realmente apela é que os reguladores europeus apliquem a DMA, que visa (em tese) garantir mais concorrência no mercado digital.
No Reino Unido, por exemplo, a Autoridade de Concorrência e Mercados (Competition and Markets Authority, ou CMA) também abriu uma investigação sobre o comportamento das duas gigantes da tecnologia, avaliando possíveis abusos de poder de mercado.
Sweeney apontou que restrições como a CTF e outras práticas reduziram o alcance da loja da Epic. Até o final de 2024, a empresa alcançou 30 milhões de instalações, bem abaixo da meta inicial de 100 milhões. Segundo ele, isso se deve em parte às “telas de aviso” e outros obstáculos que as empresas colocam para desincentivar os usuários.
Embora a cobertura da taxa não seja sustentável a longo prazo, a empresa pretende continuar até o resultado das investigações regulatórias. A Epic também planeja expandir sua loja para outros mercados, como Reino Unido e Japão, ainda neste ano.
Quando Fortnite voltará à App Store brasileira?
O retorno de Fortnite à App Store no Brasil está diretamente ligado a decisões globais e ao avanço de regulamentações. Por aqui, a falta de leis específica para o mercado digital e a dependência de avanços em outros países atrasam o processo.
Sweeney já declarou que só conseguirá disponibilizar o jogo no iOS em território brasileiro quando houver mudanças que garantam o uso de lojas alternativas e acabem com taxas consideradas abusivas, como a CTF.
Assim que os legisladores e os tribunais em outros países, como Brasil, Austrália, Coreia [do Sul] e Estados Unidos, tornarem isso possível, levaremos a Epic Games Store para o iOS nesses países também. Continuaremos lutando para derrubar barreiras, não apenas pela Epic Games Store, mas por todos.
Há quase cinco anos, usuários de iPhones e iPads não têm acesso ao jogo Fortnite. Esse caso, contudo, vai além dessa situação, já que ele simboliza uma disputa maior que poderá impactar o futuro de como consumimos apps e conteúdos digitais.