Nova técnica a laser revela tatuagens ocultas em múmias peruanas
Graças a uma técnica inovadora, um grupo de arqueólogos conseguiu descobrir tatuagens e seus padrões em múmias peruanas de mais de mil anos. Chamada de fluorescência estimulada por laser (LSF), a técnica ajudou a revelar detalhes em tatuagens de múmias da cultura Chancay, que habitou a região central do Peru entre 900 e 1533 d.C.
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Foram analisadas mais de 100 múmias, sendo que apenas três apresentaram tatuagens altamente detalhadas, com linhas finas de 0,1 a 0,2 mm de espessura. Essas tatuagens, invisíveis por métodos convencionais, puderam ser observadas graças à técnica a laser, que faz com que a pele tatuada fluoresça em branco, destacando a tinta preta usada nos desenhos. O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Fato curioso é que, nas tatuagens reveladas pela nova técnica, os padrões eram predominantemente geométricos. Isso orna com os artefatos artísticos dos Chancay, com destaque para desenhos com vários triângulos. Também foram encontrados alguns desenhos de vinhas e figuras de animais.
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Para os pesquisadores, essa descoberta mostra a sofisticação artística da cultura Chancay, uma vez que os membros usavam tatuagens para expressar sua identidade e status social.
Padrões com formas geométricas e desenhos de animais encontrados nas tatuagens das múmias (Imagem: Pittman et al., 2025/PNAS)
A cultura Chancay
Conhecidos por suas cerâmicas e tecidos de alta qualidade, os Chancay foram influenciados por conflitos entre os impérios Chimu e Inca. Segundo especialistas, eles aguardavam a resolução desses conflitos para se alinharem ao vencedor.
Embora a organização social dessa cultura ainda seja pouco compreendida, as tatuagens recém-descobertas podem oferecer pistas sobre a estratificação social e as práticas culturais da época.
Laser levanta controvérsias
A técnica, no entanto, não foi bem recebida por todos da comunidade científica. Em entrevista ao Live Science, Aaron Deter-Wolf, arqueólogo especialista em tatuagens da Universidade do Tennessee, questiona a superioridade da técnica LSF em comparação com outros métodos, como imagens de alta resolução por infravermelho, por exemplo.
O arqueólogo ainda discorda da interpretação de que as tatuagens analisadas foram feitas pelo método de perfuração manual, sugerindo que a técnica utilizada envolvia incisão e aplicação de pigmentos na pele para que os padrões fossem enfim encontrados, e não apenas fluorescência a laser.
Apesar das críticas, outros especialistas reconhecem o valor da técnica. É o caso de Kasia Szremski, arqueóloga da Universidade de Illinois: para ela, embora o significado dessas tatuagens ainda seja desconhecido, sua complexidade revela a habilidade dos tatuadores da época. Szremski acredita que a técnica a laser pode também ajudar a desvendar outros marcos no desenvolvimento artístico humano, incluindo a evolução das práticas de tatuagem ao longo da história.
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