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Línguas europeias têm raízes em migrações pré-históricas de mais de cinco mil anos

As línguas europeias contemporâneas podem ser associadas a migrações ocorridas há aproximadamente 5,2 mil anos, de acordo com novo estudo pré-publicado no servidor de pré-impressão bioRxiv. A pesquisa explora a conexão entre a evolução das línguas indo-europeias e a ancestralidade genética de populações que viveram na Europa durante a Idade do Bronze.

A maioria dos idiomas falados na Europa pertence à família indo-europeia, que inclui as línguas românicas, germânicas, eslavas, bálticas, celtas e helênicas, entre outras. Apenas algumas exceções, como o basco, não se enquadram nessa categoria.

Relação exata entre essas migrações e a origem das línguas indo-europeias ainda é motivo de debate (Imagem: Vitalii Vodolazskyi/Shutterstock)

Migrações da Estepe Ocidental

A disseminação dessa ampla família linguística está intimamente ligada às migrações humanas em larga escala iniciadas há cerca de 5,2 mil anos, partindo da Estepe Ocidental – região que abrange áreas da atual Ucrânia, sul da Rússia e Cazaquistão;

Contudo, a relação exata entre essas migrações e a origem das línguas indo-europeias ainda é motivo de debate, particularmente no que diz respeito às línguas do sul da Europa, como italiano, espanhol, francês e grego;

Para investigar essa conexão, uma equipe internacional sequenciou o DNA de 314 indivíduos antigos enterrados em regiões do Mediterrâneo e adjacências, abrangendo período de 5,2 mil a 2,1 mil anos atrás;

Além disso, analisaram isótopos de estrôncio em 224 amostras, técnica que permite identificar origens geográficas e padrões de movimento ao comparar as proporções isotópicas em ossos e dentes com as do ambiente local.

Principais descobertas

Os resultados indicam relações claras entre ancestralidade genética e grupos linguísticos. Segundo os autores, “a chegada da ancestralidade das estepes na Espanha, França e Itália foi mediada por populações Bell Beaker da Europa Ocidental, possivelmente contribuindo para o surgimento das línguas itálica e celta. Em contraste, populações armênias e gregas adquiriram ancestralidade das estepes diretamente de grupos Yamnaya da Europa Oriental”, escreveram os autores do estudo.

Esses achados corroboram hipóteses linguísticas, como as ítalo-céltica e greco-armênia, que explicam a origem das principais línguas indo-europeias mediterrâneas da Antiguidade.

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Lacunas e complexidades

No entanto, a pesquisa não conseguiu esclarecer todas as conexões na árvore genealógica linguística. Por exemplo, a relação entre as línguas germânicas e ítalo-celtas permanece incerta. Além disso, padrões genéticos não foram uniformes em todas as regiões.

Populações dos Bálcãs, por exemplo, apresentaram herança mista derivada de culturas Bell Beaker, Yamnaya e Corded Ware. Já na Itália, grupos distintos emergiram: indivíduos do norte e centro mostraram vínculos com a linhagem Bell Beaker da França e Espanha, enquanto aqueles da costa adriática apresentaram ancestralidade Yamnaya, mais próxima dos Bálcãs e da Grécia.

Outro grupo, localizado em Olmo, na Itália, revelou ascendência predominante de fazendeiros neolíticos, anterior às migrações da Idade do Bronze.

Esses achados corroboram hipóteses linguísticas (Imagem: pics five/Shutterstock)

Integração de disciplinas

Os autores reconhecem que as respostas raramente são diretas ao estudar a história humana. Ainda assim, a combinação de genética, arqueologia e linguística oferece avanços significativos na compreensão do passado complexo e interconectado da humanidade.

Embora o estudo ainda aguarde revisão por pares, suas descobertas representam importante passo para desvendar as origens das divisões linguísticas europeias.

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