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Misteriosos círculos no deserto permanecem sem explicação científica

Há anos, cientistas se questionam sobre os misteriosos círculos que se formam nas pastagens secas à beira do deserto da Namíbia, país localizado na África Austral. Popularmente, esses “desenhos” são conhecidos como “círculos das fadas” e, agora, têm uma nova possível origem identificada.

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Embora os círculos se formem em áreas isoladas, os desenhos esféricos em meio à vegetação “pobre” e desértica são conhecidos no mundo todo ao ponto de levar uma equipe internacional a investigá-los. O grupo é formado por pesquisadores da Universidade de Göttingen, na Alemanha, e da Universidade Ben Gurion, em Israel. 

 

Entenda os misteriosos círculos: como é possível ver nas imagens, o terreno próximo ao deserto é tomado por touceiras de grama quase secas, mas essa dominância é bruscamente interrompida pelos desenhos curiosos. Nesses locais, nenhuma gramínea consegue prosperar e crescer por mais de um mês, como se fosse uma “zona da morte”.


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Como os misteriosos círculos se formam?

Para tentar explicar a origem dos círculos misteriosos, a hipótese mais aceita é de que eram desenhados por um tipo de cupim de areia, da espécie Psammotermes allocerus. Entretanto, nas expedições de campo para o deserto da Namíbia, faltaram evidências de que eram os verdadeiros responsáveis. 

Então, surgiu a hipótese de auto-organização das plantas, também conhecida como inteligência de enxame, adotada em ambientes hostis. Quando se analisa o mistério por esta ótica, os padrões circulares surgiram, sem um ideal artístico, mas como forma de atrair recursos precisos (no caso, a água) para as plantas mais velhas do local. 

O mecanismo beneficiaria as touceiras maiores de grama, que vivem nas bordas dos círculos. Basicamente, é uma estratégia de captação de água da chuva, que “inibe” as mais jovens. É o que defende o artigo publicado na revista Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics (PPEES).

Estudo no deserto da Namíbia

Para chegar a essas conclusões, a equipe internacional analisou 500 gramíneas em quatro áreas da Namíbia em que os misteriosos círculos podem ser encontrados. A umidade do solo durante as estações chuvas também foi monitorada ao longo de um ano, entre 2023 e 2024.

Misteriosos círculos surgem na beira do deserto na Namíbia e intrigam cientistas de todo o mundo (Imagem: Getzin et al., 2024/PPEES)

Segundo os autores, as regiões dos círculos são uma espécie de “zona da morte”, já que as gramíneas que nascem morrem em 10 a 20 dias após as chuvas. A morte é causada pela falta do recurso mais precioso na região, a água, que se esgota logo na superfície. Dentro dos círculos, a água vai embora ainda mais cedo que nas regiões ao lado.

Enquanto isso, as camadas mais profundas do solo (com 20 a 30 cm de profundidade) permanecem por mais tempo úmidas, o que garante a sobrevivência das vizinhas, que são as únicas a conseguir acessar essa fonte de recursos.

“Com seu sistema radicular bem desenvolvido, esses tufos de grama absorvem a água particularmente bem. Após a chuva , eles têm uma enorme vantagem competitiva sobre as gramas recém-germinadas no ‘círculo de fadas’”, detalha Stephan Getzin, pesquisador da Universidade de Göttingen e autor do estudo, em nota. 

Apesar das novas evidências, os autores explicam que “não significa que a auto-organização das plantas seja necessariamente o único fator responsável pela dessecação [estado de extrema secura] da grama [nova]”. Na verdade, fatores adicionais, como micróbios fitopatogênicos (parasitas que infectam as plantas), também podem contribuir para a formação dos misteriosos círculos no deserto. Então, mais estudos ainda são necessários para resolver o mistério do deserto.

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