Pensando demais no que você disse? É o seu “cérebro de lagarto” falando
“Falei demais?”, “Será que ele me achou inconveniente?”, são apenas alguns dos questionamentos que rondam a cabeça de algumas pessoas, principalmente as ansiosas. No entanto, isso não é apenas culpa do nervosismo.
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Publicado neste mês de novembro na Science Advances, um estudo desenvolvido por cientistas dos Estados Unidos busca entender melhor como os humanos evoluíram para se tornarem tão habilidosos em pensar sobre o que está acontecendo na mente de outras pessoas.
Para isso, eles fizeram imagens de alta resolução no cérebro. Isso se deu por meio de exames de ressonância magnética funcional (fMRI), técnica não invasiva que mede a atividade cerebral detectando mudanças nos níveis de oxigênio no sangue.
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Os resultados permitiram que os cientistas observassem detalhes da rede cognitiva social que, até então, nunca haviam sido detectados em ressonâncias cerebrais de baixa resolução.
Os pesquisadores descobriram, então, que a rede cognitiva social está em constante comunicação com a amígdala. Essa rede é constituída pelas partes mais recentemente evoluídas e avançadas do cérebro que dão suporte às interações sociais.
Ok, mas… o que isso tem a ver com lagartos?
Teoria do cérebro trino
O neurocientista Paul MacLean desenvolveu, na década de 1990, a teoria de que o cérebro humano pode ser dividido em três: o de lagarto, o de mamífero e o racional.
O primeiro recebe esse nome porque é responsável pelos reflexos mais simples de sobrevivência, e esse nível básico de organização corresponde ao cérebro dos répteis. Nos humanos, é nesse patamar em que a amígdala está.
Essa região do cérebro (e não da garganta) é responsável por detectar ameaças e processar o medo. Na prática, ela age quando uma pessoa vê uma cobra, por exemplo, e sente o coração acelerar e as palmas das mãos suarem. Por isso, é comparável aos institutos dos lagartos e demais répteis.
Já o cérebro mamífero é o segundo nível funcional e conta com componentes do Sistema Límbico, responsável por controlar o comportamento emocional.
Por último, o cérebro racional é constituído por cinco lobos diferentes, e é o que diferencia o homem dos demais animais.
Amígdala e comunicação
As amígdalas, no cérebro, ficam localizadas em uma região atrás dos olhos (Imagem: Wikimedia Commons).
Tanto a ansiedade quanto a depressão envolvem hiperatividade da amígdala, o que pode contribuir para respostas emocionais excessivas e regulação emocional prejudicada
“As partes do cérebro que nos permitem fazer isso estão em regiões do cérebro humano que se expandiram recentemente em nossa evolução, e isso implica que é um processo desenvolvido recentemente”, disse Rodrigo Braga, principal autor, em um comunicado à imprensa.
Tratamento para ansiedade e depressão
A descoberta se coloca como um tratamento em potencial para ansiedade e depressão, uma vez que a estimulação cerebral não pode ser feita direta na amígdala, uma vez que ela está localizada profundamente dentro do cérebro, diretamente atrás dos olhos.
Esse procedimento que consiste na implantação de um dispositivo médico que envia impulsos elétricos para o cérebro. Com as novidades, ele poderá possivelmente ser implantado em outra área, menos invasiva, mas que forneceria o mesmo benefício.
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