PRÉVIA | Path of Exile 2 continua hardcore, mas se tornou mais fácil de entender
Quando o primeiro Path of Exile chegou em 2013, ele conseguiu se diferenciar de outros RPGs de ação focados em loot por apostar em um caminho bem diferente do que tendências de mercado ditavam. Enquanto os principais nomes do gênero estavam se simplificando para atingir novos públicos, a Grinding Gear Games decidiu seguir um caminho mais hardcore.
O resultado foi um jogo realmente intenso e que se tornou famoso por suas árvores de habilidade imensas que, dentro de si, trazem diversas outras opções de evolução. Isso, somado a sistemas de equipamentos elaborados e igualmente complexos, fizeram do título a opção preferida de muitos que gostam de se dedicar ao gênero.
Com Path of Exile 2, a empresa ao mesmo tempo se mantém nesse caminho, mas faz ajustes que, se tornam o game mais simples de compreender, não abandonam sua identidade hardcore. A convite da desenvolvedora, viajamos a Los Angeles para conferir as primeiras horas do RPG de ação e ficamos impressionados com o que conseguimos testar.
Path of Exile 2 é um novo começo robusto
Antes de podermos aproveitar o novo título da Grinding Gear Games, assistimos a uma longa apresentação do diretor Jonathan Rogers. Além de apresentar os conceitos gerais do jogo, ele aproveitou a ocasião para destacar que a fase endgame vai ter uma quantidade massiva de conteúdos mesmo quando a experiência ainda estiver em Acesso Antecipado.
A ênfase nesse quesito faz sentido quando levamos em consideração as características de títulos como Path of Exile 2, cujo fim da história principal é somente o começo da jornada. A partir desse ponto, jogadores mais dedicados finalmente podem desbloquear todo o potencial de seus personagens e gastar centenas ou milhares de horas procurando pelas builds perfeitas e desafios mais intensos.
Foto: Divulgação/Grinding Gear Games
Nesse sentido, o novo trabalho da Grinding Gear Games tem um trabalho adicional: convencer os fãs mais dedicados ao jogo original a iniciar uma nova experiência. Segundo Rogers, sua equipe está ciente disso e preparou uma experiência que, já em Acesso Antecipado, vai oferecer 25 horas de conteúdo nos três atos disponíveis inicialmente.
O diretor explica que a versão inicial do game vai trazer 400 monstros e 50 chefes, números que vão dobrar conforme a etapa de testes progride e ganha updates. Ele também afirmou que o endgame em si começa quando os personagens atingem o nível 65, momento a partir do qual eles podem participar de vários desafios diferentes.
Em sua apresentação, Rogers mostrou que haverá desafios com os do Sanctum, que envolve passar por várias salas com vantagens e desvantagens diferentes em busca de recompensas melhores. Em certo ponto, ele mostrou que os jogadores poderão inclusive garantir a obtenção de um item extremamente raro, contanto que passem por desafios intensos sem receber sequer um ponto de dano.
Foto: Divulgação/Grinding Gear Games
Já nos Trials of the Chaos Gods, as desvantagens são crescentes e são decididas de maneira mais aleatória. Nela, os jogadores decidem qual é o momento ideal para parar e levar suas recompensas para casa — ou podem decidir progredir, correndo o risco de perder tudo caso encontrem a morte pelo caminho.
Path of Exile 2 também terá os Breaches, nas quais teremos que lidar com invasões de demônios que escapam por um portal que fica aberto por tempo limitado. Quanto mais rápido conseguirmos matá-los, mais recompensas obtemos, assim como mais chances de modificar o mapa do jogo para abrir mais de nossas atividades de preferências.
O jogo também vai ter Expeditions para buscar tesouros (e monstros raros) e diversos tipos de Rituais que se intensificam rapidamente de dificuldade. A intenção do estúdio parece ser oferecer atividades que, se têm muitas semelhanças entre si, também são diferentes o suficiente para permitir que cada pessoa opte por explorar somente aquelas de sua preferência.
Rogers explica que todos esses desafios dão como recompensas tabuletas que não somente abrem novos desafios, como também garantem modificações para eles. A quantidade de opções apresentada pelo diretor é avassaladora e mostra que a Grinding Gear Games realmente pensou em um game com replay infinito que não parece ter um teto para seus desafios.
Gameplay impressionante
Outro ponto no qual a variedade de Path of Exile 2 impressiona é em seu gameplay, mas testá-lo deixou a sensação de que esse é um aspecto que pode demorar um pouco para se revelar. Conforme o diretor do RPG de ação demonstrou, cada uma das classes disponíveis dispõe de uma árvore de habilidades passiva imensa.
Nela, podemos optar por destravar mais pontos de um status específico, melhorar o carregamento de poções ou obter vantagens de dano relacionadas a equipamentos específicos. Enquanto algumas das classes possuem interseções entre si, o sistema foi criado para beneficiar especializações — e não será possível obter todos os nódulos disponíveis com um único personagem.
Foto: Divulgação/Grinding Gear Games
No que diz respeito às habilidades que usamos na prática, o título traz como diferencial um sistema que as destrava a partir de gemas que caem de inimigos. Enquanto não é possível ativar todas elas logo de cara (muitas estão condicionadas ao nível de seu personagem), há uma grande flexibilidade nas escolhas que podem ser feitas.
Como uma Rogue, optei primeiro por uma flecha com dano elétrico, antes de destravar golpes de veneno que atingiam os inimigos em área. Mais importantes do que as habilidades principais, no entanto, são os modificadores que também são desbloqueados usando gemas — e que trazem a vantagem de serem intercambiáveis.
Um dos mais úteis que encontrei no jogo foi aquele que adicionava dano de veneno às habilidades aos quais era associado. Enquanto inicialmente usei isso junto à minha habilidade elétrica, não demorei muito a perceber que o recurso seria mais útil caso fosse associado aos disparos básicos da classe escolhida.
Foto: Divulgação/Grinding Gear Games
Além de dar mais flexibilidade para Path of Exile 2, o sistema traz a vantagem de surgir como uma recompensa natural para o grind que já faz parte da natureza do título. Em minhas cinco horas com o jogo, senti que as recompensas necessárias para destravar novas habilidades e fazê-las subir de nível vieram em ritmo bastante natural e satisfatório.
Ao mesmo tempo, joguei o título com o intuito de ver tudo o que havia disponível, o que envolvia participar de missões secundárias e investigar cada canto do mapa. Assim, na versão final, ainda há espaço para personagens que forem “rushados” acabem se vendo sem alguns poderes importantes em questão de pouco tempo.
Path of Exile 2 traz combate mais visceral
Outro elemento que se destacou no game é o quanto seu combate é mais visceral e “pesado” do que jogos como Diablo IV, por exemplo. A proposta da Grinding Gear Games parece ser entregar uma experiência mais estratégica e “pesada”, na qual os jogadores realmente sentam que suas escolhas carregam certa responsabilidade.
Foto: Divulgação/Grinding Gear Games
Jogando como a Rogue, por exemplo, percebi que a experiência era relativamente tranquila na dificuldade normal, contanto que conseguisse manter meus adversários a distância. Caso eles conseguissem me rodear, até mesmo os inimigos mais simples podiam causar um grande estrago e matar a personagem caso ela não lidasse com eles rapidamente.
No entanto, onde esse “peso” realmente se fez sentir foram nas batalhas contra chefes, todas bastante memoráveis. Todos os adversários disponíveis na demonstração possuem personalidades próprias e padrões de ataques bastante identificáveis — com direito aos famosos golpes de “one hit kill” para quem não prestar atenção neles.
Isso faz com que Path of Exile 2 tenha um lado estratégico bastante acentuado, no qual os confrontos contra esses inimigos vão além do “aperte o botão até que a vida deles acabe”. Caso a desenvolvedora consiga manter esse sentimento nos 100 chefes que pretende entregar, ele sem dúvida vai merecer ser comparado aos mestres dessa categoria, como a FromSoftware.
Sinais de Acesso Antecipado
Ao mesmo tempo em que a build do jogo que pude testar já se mostrava bastante sólida, ela também entregava o fato de ser um projeto em desenvolvimento. Depois de algumas horas com o game, senti que ele podia ter sido um pouco mais generoso nos tipos de equipamento que fornecia — especialmente nos níveis iniciais.
Desde o ponto em que criei minha personagem até o nível 12, obtive somente duas variações de arcos que ficaram defasados rapidamente. E, mesmo limpando todas as áreas possíveis, ficou a impressão de que caiam todos os tipos de itens possíveis, menos a arma que minha personagem precisava para ser minimamente viável contra os novos inimigos que surgiam.
Foto: Divulgação/Grinding Gear Games
Embora não haja como fazer um veredito definitivo a partir dessa experiência individual, a impressão que fica é a de que o jogo podia ser um pouco mais generoso com seu drop rate. Esse é um ponto que certamente deve gerar discussão entre a comunidade, já que o ritmo de obtenção de recompensas pode tanto levar a experiência para um lado generoso, mas sem grandes emoções, quanto para outro no qual tudo fica difícil de forma bastante superficial.
Também deu para notar que Path of Exile 2 tem sua dose de bugs, com personagens ficando travados nos ambientes ou não acionando suas animações. No entanto, o mais grave que testemunhei — um personagem importante não acionando sua fala para continuar a história principal — foi resolvido facilmente carregando um checkpoint recente.
No fim das contas, a experiência com a versão inicial do game foi bem mais positiva do que negativa, e mostra que ele pode ter um dos Acessos Antecipados mais robustos de toda a história. No entanto, só o lançamento — e o tempo — vão conseguir mostrar se a Grinding Gear Games vai “quebrar a maldição” do mercado e conseguirá operar um segundo jogo como serviço de forma tão bem-sucedidas quanto fez no projeto que iniciou há 11 anos.
Viajamos a Los Angeles para jogar Path of Exile 2 a convite da Grinding Gear Games.