Novo dispositivo pode prever agressividade de tumor pelo formato
E se pudéssemos prever como um câncer vai progredir só pelo formato do tumor? Um novo dispositivo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Ciências Aplicadas e Engenharia da Universidade de Toronto promete permitir esse tipo de análise.
A plataforma Recoverable-Spheroid-on-a-Chip with Unrestricted External Shape (ReSCUE) permite controlar e cultivar tumores em diversos formatos para entender seu comportamento e a agressividade das células cancerígenas. A tecnologia pode futuramente ajudar a direcionar tratamentos com mais eficácia.
Detalhes sobre o dispositivo foram publicados em artigo na revista Advanced Materials.
O que é a nova plataforma?
O ReSCUE é um dispositivo microfluídico. Basicamente, é um sistema muito pequeno projetado para manipular e controlar volumes menores de líquidos.
Ele permite que cientistas realizem experimentos com tecidos simulados de minitumores fora do corpo.
Tecnologias como essas já existem, mas possuem algumas limitações. Por exemplo, só permitem estudar formatos de tumores específicos.
O novo dispositivo supera esse problema, possibilitando cultivar tumores em formatos diversos.
Além disso, permite retirar ou soltar o modelo da plataforma em que estão cultivados para estudos detalhados.
A tecnologia também é equipada com um hidrogel biomimético que viabiliza um comportamento celular semelhante ao do corpo humano.
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O formato do tumor tem tudo a ver com a agressividade do câncer
A maneira como as células cancerígenas se organizam e formam tumores também pode ser um fator determinante da agressividade da doença. A cientista Sina Kheiri, coautora principal do estudo, fez essa descoberta enquanto observava as proporções dos tumoroides — modelos que imitam tumores reais — na nova plataforma.
Ela percebeu que, dependendo da curvatura e do formato deles, o comportamento celular variava. Estudos mais aprofundados revelaram que tumoroides em formato de disco, bastonete e U tendiam a ter mais atividade celular e maior proliferação nas curvaturas positivas (extremidade do tumor que se curva para fora). Ou seja, essas áreas podem ser mais agressivas e crescer de forma mais rápida, comparados com tumores mais planos.
Segundo a pesquisadora, analisar esses detalhes faz toda a diferença na avaliação e no tratamento de um câncer.
Compreender a relação entre o formato do tumor e o comportamento celular é importante para prever a agressividade do tumor e planejar estratégias de tratamento adequadas, como radioterapia direcionada ou administração de medicamentos.
Sina Kheiri para o Medical Xpress
O dispositivo pode contribuir para um tratamento mais eficaz do câncer
Os pesquisadores esperam que a plataforma ReSCUE ajude a estudar como diferentes formas de tumores reagem a tratamentos como medicamentos, radioterapia e quimioterapia. Assim, as terapias podem ser direcionadas com mais eficácia conforme o caso do paciente.
A equipe continua trabalhando no desenvolvimento da plataforma e recentemente enviou uma patente nos Estados Unidos. A ideia é tornar os modelos mais realistas, com funções mais complexas.
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